Filho do ex-jóquei e ex-treinador Oraci Cardoso, Marcello Schimidt Cardoso começou a seguir os caminhos do pai antes mesmo de se matricular na Escola de Profissionais do Turfe, na Gávea.
O antigo Haras Doce Vale, em Friburgo, atual Centro de Treinamento do Haras Anderson, serviu como base para os primeiros treinos do futuro bi campeão do Grande Prêmio Brasil.
Logo depois entrou na “Escolinha” e obteve matricula de aprendiz aos 15 anos, em 15 de agosto de 1988. Sua passagem por lá não durou muito, pois em 23 de outubro de 1989, com 70 vitórias (critério usado na época), passou a jóquei para se tornar um dois mais vitoriosos das últimas décadas.
Em 26 anos de carreira, foram nada mais nada menos que 2.759 conquistas no Jockey Club Brasileiro, fora as inúmeras vitórias em outros hipódromos do Brasil e do mundo.
Ganhou 81 provas de Grupo, sendo 33 carreiras de G1, com destaque para os dois “GP Brasil” (Queen Desejada – 2001 e Potri Road – 2002); uma Tríplice Coroa (Old Tune – 2012); três Derbys (Coray – 2001, Pototó – 2005 e Time For Fun – 2008); três “GP Diana” (Cara Regina – 1996, Coray – 2001 e Old Tune – 2012); quatro GP Roberto e Nelson Grimaldi Seabra, o “Brasil das éguas” (Tale e Quale – 2000, Pay Cash – 2003, Crystal Day – 2006 e La Defense – 2012) e um “Suckow” (Super Duda – 2007), mais 28 provas de Grupo 2, 20 de Grupo 3 e 135 Clássicos (Listed Race).
Em Cidade Jardim, entre outros, venceu o GP São Paulo (G1) duas vezes (Sweet Eternity – 1999 e Quick Road – 2007), além de uma Milha Internacional (Bandido Secreto – 2006); dois GP OSAF (G1 – Helisangela – 2006 e La Vendetta – 2008), e um Derby Paulista (G1 – Negro da Gaita – 2008).
Na curta temporada que passou em Dubai, conquistou o Invasor Al Maktoum Challenge – Round 1 (G3 – Imperialista – 2007).
Agora aposentado como jóquei, Marcello se dedicará em tempo integral a Escola de Profissionais do Turfe, onde é instrutor/professor desde maio de 2013.
Confiante em ter feito a escolha certa em uma das decisões mais importante da sua vida, o ex-jóquei comentou o fato e explicou os motivos ao site do Jockey Club Brasileiro:
“Minha carreira como jóquei durou 26 anos e foram muitas vitórias e desafios. No começo foi muito difícil, pois não tinha muita aptidão. Dei bastante trabalho ao meu pai, que sempre teve muita paciência com todas as barbadas que botei fora. Pai é pai né!? Com ele aprendi, entre outras coisas, que respeito e boa atitude dentro e fora da raia são quase tão importante quanto se ter um talento natural para montar os cavalos. E este ensinamento é uma das bases que tento passar aos aprendizes e alunos que estão começando na profissão. Meu irmão Paulo Cardoso também me incentivou, ensinado técnicas para os trabalhos fortes dos cavalos e algumas táticas de corridas.
Como jóquei, felizmente, tive a oportunidade e sorte de estar no dorso de verdadeiros craques. Com o apoio de bons haras e proprietários fui ganhando a confiança de todos, que é fundamental para se ter espaço em um meio tão competitivo. Tive a grata satisfação de trabalhar ao lado de excelentes profissionais e sempre tive o apoio de todos, sem exceção. O maior orgulho que tenho em tantos anos de profissão é o fato de ser bem quisto por todos e não ter inimizades. As vezes em uma relação profissional é comum pensarmos diferente das pessoas com quem estamos lidando, porém se o respeito existir a amizade sempre permanece.
A profissão de jóquei, assim como a de treinador, é muito boa, mas também cobra caro. Quem sofre são nossas famílias, não só pelos riscos que corremos, como também pela ausência no dia a dia. Quando se é mais novo, isso tem um peso e com os anos vai ficando mais difícil ficar longe do convívio das pessoas que nos são importantes.
Trabalhar na escola de aprendizes me dá a oportunidade de estar envolvido com o que sei fazer naturalmente e também ter mais tempo para estar com a minha família. Estou feliz e tenho certeza que, em um futuro próximo, o trabalho de toda a equipe da E.P.T. vai render resultados ainda melhores.” Disse.
Por Celson Afonso – Fotos: Arquivo JCB