Todas as quartas-feiras no Hospital Octavio Dupont está sendo realizado um ciclo de palestras com temas direcionados à saúde dos cavalos de corrida. Periodicamente serão publicados textos relacionados às palestras. No primeiro encontro, a palestra ficou a cargo do Dr. Raphael Miranda, Médico-Veterinário Parasitologista, com o título “Noções da Coevolução entre Babesídeos e Cavalos de Corrida”.
Diversos profissionais já estão convidados para participar, dividindo com o departamento de veterinária seus conhecimentos.
Noções da Coevolução entre Babesídeos e Cavalos de Corrida:
Todos que trabalham com cavalos de corrida sabem que a Babesia é um microrganismo de suma importância, porque hora ou outra causa doença nos cavalos de corrida, trazendo a febre, apatia, falta de apetite, etc. Porém, todos deveriam saber também que, quando ela não está causando doença propriamente dita, causa desequilíbrio na dinâmica de exercícios e, consequentemente, no desempenho dos trabalhos e nas carreiras que correm.
A Babesia é um protozoário que parasita os glóbulos vermelhos do sangue, células responsáveis pela distribuição de oxigênio em todo corpo. Quando não está em níveis altos no sangue, causando doença, vive numa relação de equilíbrio com o organismo do cavalo. Mesmo assim, esse equilíbrio tem um preço. As células parasitadas não desempenham sua função, o que leva a um prejuízo na hora do exercício, visto que parte das fibras musculares ficam sem receber oxigênio.
As células vermelhas do sangue, parasitadas, param no baço para serem eliminadas do organismo, por estarem fora da normalidade. Mas, no momento do exercício intenso, onde o organismo requer maior taxa de oxigenação muscular, o baço contrai e libera o chamado “pool” de reserva de glóbulos vermelhos para suprir essa necessidade. Nesse momento, diversas células parasitadas são lançadas também na corrente sanguínea, o que dá uma falsa impressão de que todo o oxigênio exigido no exercício está realmente sendo compensado. Assim, muitos cavalos apresentam momentos-finais de exercício e/ou carreira ruins, porque houve falha na oxigenação muscular e consequente fracasso em relação à expectativa de desempenho.
A equipe Veterinária do Hospital Octavio Dupont (HOD) está realizando estudos da relação entre o desempenho e a taxa de Babesias parasitas do sangue do animal em questão e, caso seja significativa a relação entre esses fatores, há a sugestão de tratamento para resolver esse problema.
Raphael Miranda – Médico Veterinário Autônomo
CRMV – RJ – 6473