Regulamento dos Páreos de Claiming (Milton Lodi) » Jockey Club Brasileiro - Turfe

Regulamento dos Páreos de Claiming (Milton Lodi)

      Uma das invenções norte-americanas que deram certo foi o chamado claiming. Esse tipo de páreo permite, com regulamento próprio, que um cavalo, sem ter que “subir” de turma, isto é, podendo correr várias vezes na mesma turma, mas com o risco de ser adquirido. Em outras palavras, nos páreos de claiming, qualquer cavalo inscrito tem um valor de venda declarado, e o inscritor não pode impedir que o seu inscrito possa ser mudado de propriedade. Esse aspecto comercial é típico do turfe norte-americano, e os páreos de claiming, assim como os de handicap, é uma base da programação, da formação dos páreos. Com o grande número de Hipódromos, oferecendo dotações variadas para o citado tipo de enquadramento, de reunião de animais até de padrões técnicos diferentes, atraem a atenção de grande parte dos turfistas. Assim, há animais que, em suas trajetórias nas pistas, correm por conta de vários proprietários. No Hipódromo da Gávea, em função de variedades como padrão técnico dos Hipódromos, dos animais, das culturas hípicas locais, os regulamentos de chamadas variam.

No caso do JCB, há um bom número de chamadas por semana, dada a necessidade de atender o grande número de animais alojados não só no Hipódromo como também nos muitos Centros de Treinamento. Mas há, no meu entender, uma detestável norma geral que permanece há muitos anos. Parece-me injusta e injustificável. Refiro-me à obrigatoriedade da manifestação dos interessados antes das realizações das provas. O interessado tem que escolher e pagar pela compra antes da corrida, com os eventuais prêmios correndo por conta do proprietário inscritor, e os eventuais riscos e suas consequências ficando por conta do proprietário adquirente. Isso se traduz na prática por uma verdadeira injustiça, pois é normal e natural que cavalos que previsivelmente estão em normais condições físicas de correr cheguem após o páreo com lesões, até mesmo com manqueiras graves, e correndo os riscos por conta do comprador, o proprietário adquirente, que pagou antecipadamente por um cavalo em presumíveis boas condições e que tem obrigatoriedade de ficar com animal lesionado. E o proprietário inscritor nada tem a ver com o problema, o cheque referente à venda antecipada já é dele. Essa flagrante injustiça já aconteceu inúmeras vezes, e vai continuar a acontecer, pois as corridas de cavalos apresentam riscos que são inerentes às competições. Ao mesmo tempo, servem eventualmente para a inscrição de animais já com problemas importantes, naturalmente desconhecidos pelos interessados. Por isso, penso que, a bem da justiça e no resguardo dos interesses daqueles que eventualmente desejem participar, que as manifestações de interesses se faça logo após a realização desses tipos de páreos. Assim, sem problemas, os animais seriam inscritos normalmente nos páreos de claiming, e correndo eventuais prêmios e também os riscos por conta do inscritor, e após a realização de cada um desses páreos, os corredores permaneceriam no prado por mais um tempo, digamos uns 20 minutos, dando oportunidade para que os eventuais interessados, após verem o páreo em questão e com o tempo para examiná-los após a corrida, possam manifestar os seus interesses sem surpresas. Essa postergação da eventual manifestação de interesse em compras já foi praticada durante algum tempo, após período inicial de manifestações antes dos páreos, e com isso corrigindo injustiças, mas não sei porque o regulamento voltou as determinações iniciais. Mas sempre há tempo para se providenciar melhoras, e há naturalmente o interesse de todos, e principalmente da Comissão de Corridas do JCB, que as condições dos páreos de claiming sejam justas para todos.

É possível que, com o correr do largo tempo em que se realizam páreos de claiming na Gávea, que haja outros aspectos regulamentares que careçam de reparos e melhorias. A atual Comissão de Corridas parece-me competente e bem intencionada, tem condições de pelo menos estudar o assunto. Esse negócio de claiming, associando o aspecto técnico com o comercial, apresenta derivações não praticadas no Brasil. Refiro-me ao chamado claiming opcional. Naturalmente com uma regulamentação específica, de um páreo normal poderiam participar todos os tipos de páreos chamados, algumas inscrições de caráter normal a que estamos acostumados, e outras inscrições em caráter de claiming opcional, e esses últimos possíveis de serem eventualmente vendidos, após os páreos, pelos valores pré-fixados. É um caso a pensar e ser estudado, o pior que pode acontecer é ser entendido como ruim, inaproveitável, mas nem por isso indigno de ser apreciado. Há quase sempre a possibilidade de melhorar, e não há porque não leva-los em conta.

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