Famoso “jóquei do Itajara”, José Ferreira dos Reis, o Reisinho, é o convidado especial da coluna de entrevistas do site do Jockey Club Brasileiro, Papo de Turfe.
Como entrou para o mundo do turfe?
JFR: Conheci o turfe através de uma pessoa que me ajudou muito, o Álvaro, que tinha um bom relacionamento com diversos profissionais do turfe na época. Ele me trouxe para o Jockey, me apresentou ao Jaime Aragão, com quem trabalhei cerca de três meses como cavalariço. Tinha uns 12 anos. Depois fui para a cocheira do Antônio Ricardo, que também me ensinou muitas coisas. Sua esposa, dona Maria, mãe do Ricardinho, me ajudou muito também, por diversas vezes matou minha fome. Minha família era muito humilde, muitas vezes não tinha dinheiro para almoçar. Quando completei 14 anos, entrei para a Escolinha de Aprendizes.
Quais são melhores cavalos/éguas que já viu correr?
JFR: Para mim, sem dúvida, o melhor foi o Itajara, um animal simplesmente incrível. Até hoje agradeço a Deus por ter tido a chance de montá-lo. Das éguas, Anilité, do Haras Santa Ana do Rio Grande, que não cheguei a montar, mas sempre admirei bastante.
Cavalo/égua mais bonito que já viu?
JFR: Suspicious Mind e Sweet Honey.
Melhor animal que já treinou?
JFR: Ivoire, “Derby Winner” em recorde.
Quais os melhores jóqueis já viu montar?
JFR: Vi montar e montei junto com muitos jóqueis de qualidade. Entre eles, Juvenal e Ricardinho, acredito que são unanimidades entre os turfistas. Gabriel Menezes, Luiz Duarte, Carlos Lavor, Marcelo Cardoso, C. Canuto e Quintana, junto com o J. Aurélio, de quem eu era um grande fã, também são/foram ótimos.
Quais os melhores treinadores em sua opinião?
JFR: Vou citar os que eu tive a oportunidade de trabalhar junto, quando era jóquei: Francisco Saraiva, Wilson Lavor, Idelfonso Souza, Antônio Pinto da Silva, Gladston Santos, Eduardo Caramori, Guignoni, Venâncio Nahid, Alcides Morales, Sampaio e meu irmão, Leonardo Reis, que sempre me incentivou. São profissionais que me serviram, e ainda servem, de exemplo.
Melhores garanhões da atualidade no turfe nacional?
JFR: Não é muito atual, mas acredito que o Royal Academy elevou o status da criação nacional alguns anos atrás.
Melhores garanhões da história do turfe brasileiro?
JFR: Não há como não citar o Felício, pai do Itajara. Sempre gostei muito também do Waldmeister.
Seu momento inesquecível no turfe?
JFR: Tenho dois. A conquista da Tríplice Coroa com o Itajara e o Derby com o Ivoire. Foram duas sensações diferentes, pois com o Itajara era jóquei e com o Ivoire, treinador. Duas conquistas que mudaram a minha trajetória nesse meio competitivo que é o turfe.
Algum páreo marcante?
JFR: A milha da Copa ANPC, com o Hafizabad, do Haras São José & Expedictus.
Qual foi sua maior tristeza como profissional do turfe?
JFR: Quando soube da lesão que culminou com o encerramento da campanha do Itajara. Estava na sala de jóqueis, me preparando para montar. Na hora, meu mundo caiu, nunca vou me esquecer.
JFR: Olha, passei por momentos difíceis na tragédia da serra fluminense, no ano passado. Então, só tenho a agradecer por estar vivo e minha família estar bem. Poderia citar alguns páreos que ainda não venci, nem como jóquei e nem como treinador, mas, sinceramente, estar trabalhando e estar ganhando corridas já é o suficiente para mim. Tenho a sensação de ter nascido novamente, por isso estou sempre de bom humor e comemoro cada conquista como se fosse a primeira. Gostaria de aproveitar a oportunidade e agradecer a todo o apoio que recebi, moralmente ou financeiramente.
Qual conselho daria para um jóquei ou treinador que está começando agora?
JFR: Trabalhar muito. O “mundo do turfe” é complicado e competitivo, mas ao mesmo tempo, um lugar excelente para trabalhar.
Por Celson Afonso – Fotos: Gerson Martins e internet