No fluxo da modernidade, por Milton Lodi » Jockey Club Brasileiro - Turfe

No fluxo da modernidade, por Milton Lodi

               Desde o final da década de 80, um conceito técnico internacional começou a tomar corpo no Brasil. Era um assunto antigo, mas antes de 1990 começou a crescer. No civilizado turfe mundial, as principais provas de cada país eram abertas para os animais de 3 e mais anos, e o Grande Prêmio Brasil só para os de 4 anos e mais. Como simples e meros exemplos, na Inglaterra o King George e Queen Elizabeth Stakes, na França o Prix de L’Arc de Triomphe, também a principal prova de Hong Kong. Até o Jockey Club de São Paulo tem o seu maior grande prêmio, o São Paulo, aberto aos 3 anos e mais. Assim como os três páreos internacionais citados, são corridos quando os mais novos têm entre 3 anos e 3 meses e 3 anos e nove meses, aproximadamente. O São Paulo é corrido com 3 anos e 9 ½ meses. No turfe dito civilizado, o Grande Prêmio Brasil destoa. Nos tempos antigos, isso não tinha maior importância, mas com a modernidade impulsionada pelo progresso da globalização, colocou o Jockey Club Brasileiro em descompasso. No Rio, o assunto fervilhou de 1992 a 2000, houve uma série de estudos e propostas, mas houve uma interrupção no processo de 2000 a 2012. Com a moderna e competente administração Palermo a partir de 1º de junho de 2012, o assunto voltou a crepitar. Na Inglaterra, há a absurda e ridícula legalização dos bookmakers, que assim legalmente sugam importantes recursos financeiros dos clubes promotores de corridas, daí serem os seus prêmios inferiores aos praticados na França, que assumiu a liderança européia na captação de apostas. Através da organização PMU (Pari- Mutuel), a França arrecada enorme volume de dinheiro, com amplo e sofisticado sistema de captação de apostas. Dirigentes do Jockey Club Brasileiro têm tido contacto direto com a França, e o seu sistema está ou estará sendo implantado no JCB. Isso vai expor ainda mais, para a comunidade turfística internacional, a qualidade e os meandros do nosso turfe. E dessa forma o nosso Grande Prêmio Brasil ficaria de fora do grupo das mais importantes provas do mundo, pois não dá entrada para os animais de 3 anos.

                Aqueles que estão legalmente encarregados do problema estudam e trabalham para a possível melhor solução. Uma das alternativas seria deslocar o Grande Prêmio Brasil para o 1º semestre, dando entrada para os 3 anos, com a realização entre Janeiro e Junho, isto é, com os 3 anos entre 3 anos, e 7 meses hípicos e 3 anos e 11 meses, isto é, entre Janeiro e Junho. Como no 1º trimestre de cada ano temos carnaval, páscoa e Latino Americano, o prazo ficaria restrito aos meses de abril, maio e junho. Com o necessário e devido respeito ao fraterno turfe paulista, que promove o seu Grande Prêmio São Paulo em torno de 15 de maio, há que ser encontrada uma harmoniosa fixação de datas. Na minha opinião, apenas uma simples opinião, as duas provas deveriam ficar as mais afastadas possíveis, para permitirem  a participação nas duas dos melhores corredores nacionais e no mesmo sentido em relação a eventuais participações de animais de outros países. Como simples palpite, o primeiro domingo de abril e o primeiro de junho, ou o 2º ou 3 º de abril e o 2º ou 3º de junho, em um deles o São Paulo e no outro o Brasil , na ordem que fosse conveniente para os dois clubes. É claro que nessa hipótese da ida do G.P.Brasil para o 1º semestre, teria que haver uma verdadeira revolução no calendário clássico carioca, com inclusive grandes reflexos nas provas das tríplices- coroas, que ainda teriam o problema da difícil tentativa de uma única tríplice coroa nacional, uma para cada sexo.

                Uma segunda alternativa seria manter as coisas como estão, mantendo-se a tradição e ficando fora do processo mundial de modernização, em posição inferior às grandes provas internacionais.

                Haveria ainda uma terceira hipótese, qual seja alterar a chamada de 4 e mais anos para 3 e mais anos. Essa alternativa, talvez um tanto ridícula, resolveria apenas o problema da chamada mas os 3 anos na prática não poderiam participar, pois com hípicos 3 anos e 1 mês não poderiam competir com os mais aguerridos e maduros animais de 4 e mais anos, em 2.400 metros e em dessintonia com a realidade.

                Eu tenho a impressão que muito pouca gente tem gabarito turfístico para resolver esses dois problemas, o das datas do G.P.Brasil e do G.P.São Paulo, e das tríplices coroas nacionais.

                Palpites, opiniões, “achismos”, nada disso pode interferir nos estudos e acertos dos legalmente encarregados de resolver as questões. Com competência e legalidade, são menos de meia dúzia.

                Vamos aguardar. Oportunamente voltarei ao assunto.   

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