Antonio Bolino, por Milton Lodi » Jockey Club Brasileiro - Turfe

Antonio Bolino, por Milton Lodi

Entre sete e oito horas da noite de quarta-feira, 14 de agosto de 2013, o jóquei internacional Antonio Bolino foi para a companhia de Luiz Rigoni, Antonio Ricardo, Pierre Vaz, Dendico Garcia, Virgílio Pinheiro Filho, Ivan Quintana, Francisco Irigoyen, Oswaldo Ulloa, Juan Marchant e mais algumas ases das rédeas.

Nascido no Paraná, em 1939, Antonio Bolino começou a montar em retas, com doze anos de idade, levado e protegido pelo excepcional treinador Elídio Pierre Gusso. Com catorze anos foi para o prado, e logo se destacou. Com dezesseis anos foi para o Jockey Club Brasileiro, a convite do treinador Luiz Tripodi. Cerca de um ano depois, quando era o segundo colocado na estatística de jóqueis, resolveu voltar para Curitiba. Casou-se com a única namorada, e quando era o segundo colocado na estatística, foi convidado a voltar para o Rio de Janeiro, como monta preferencial do Haras Ipiranga.

Depois do primeiro filho, nasceu uma linda menina, justamente quando ele se iniciava na nova fase carioca. O sucesso logo veio, e com vinte anos de idade venceu com Elisabeth o páreo de velocidade das éguas, em Palermo (Buenos Aires, Argentina).

Após quatro anos com Antonio Bolino, o Haras Ipiranga transferiu a sua cavalhada para Cidade Jardim, e naturalmente levou o grande jóquei. Tanto na época da Gávea como na de Cidade Jardim, Bolino levantou muitos importantes grandes prêmios e clássicos. Provas das tríplices-coroas, provas internacionais. Uma de suas muitas vitórias importantes foi a obtida com Moustache, no Grande Prêmio São Paulo. Na mesma época venceu por duas vezes o G.P. Paraná. Após montar com excelência por cerca de trinta e cinco anos, tendo como primeira monta o Haras Ipiranga, Bolino passou a ser o preferencial também do Haras Rosa do Sul.

Entre inúmeras importantes provas vencidas, duas marcaram mais. Uma delas, a no Hipódromo de Maroñas (Montevideu, Uruguai), quando venceu o primeiro Clássico (hoje Grande Prêmio) Latino-Americano, com Dark Brown. Foi um páreo complicado, pois os dois bons cavalos argentinos cercaram Dark Brown durante todo o percurso, e na reta final, quanto tudo indicava a impossibilidade da vitória de Dark Brown, em espetacular manobra técnica Bolino surpreendeu os dois argentinos e venceu sob intensos aplausos dos turfistas uruguaios. A outra das mais marcantes vitórias foi a do Grande Prêmio Brasil com Big Lark, um páreo inesquecível pela intensidade das lutas.

Depois de muitos anos de grande sucesso com os animais do Haras Rosa do Sul, surgiu então, o Haras Malurica, à época com um ótimo grupo de corredores. As vitórias de Bolino prosseguiram, o Malurica passou a ser o Stud maior ganhador de provas clássicas da época, com a conquista das mais importantes provas. Fora dos três Haras que lhe foram preferenciais, procurado pelos proprietários e treinadores que precisavam de um jóquei de alta categoria, Bolino venceu o G.P. Carlos Pellegrini com Immensity, que também ganhou o Diana e o Derby. Se por um lado Antonio Bolino era respeitado nas pistas como jóquei de alta técnica, enérgico e sempre correndo limpo, por outro, fora das pistas, era calmo, quieto, amigável, gostava mais de ouvir do que de falar, evitava fazer críticas, era um homem bom, discreto, amigo.

Quando se aposentou da profissão de jóquei exerceu atividades paralelas, como cronometrista do Jockey Club de São Paulo, juiz de partida no Hipódromo de Sorocaba, de animais de quarto de milha. Ele morou muitos anos em casa próxima dos seus amigos também jóqueis Clovis Dutra e Selmar Lobo. E, quando ele estava impedido de montar por algum motivo, eu pedia a ele que indicasse um substituto, por mais de uma vez ele sugeriu o Clovis e o Lobo. Invejado por alguns poucos que não tinham maiores qualidades, mas aplaudido e reverenciado pela quase totalidade dos que tiveram o privilégio de conhecê-lo, Bolino deixou um nome importante no turfe brasileiro.

Casado por mais de cinquenta anos com a namorada de infância, deixou um grande amor pela D. Arlene, pelos filhos e netos.

Antonio Bolino não pode e não vai ser esquecido.

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