Reflexos do GP Brasil 2013, por Milton Lodi » Jockey Club Brasileiro - Turfe

Reflexos do GP Brasil 2013, por Milton Lodi

             O advogado Dagoberto Midosi, que comemorou 96 anos de idade em maio de 2013, com o Grande Premio Brasil de 2013, completou 80 dos 81 disputados. De 1933 a 2013, o Dr. Midosi só não assistiu o Grande Prêmio de 1952, quando da primeira vitória de Gualicho na prova, pois no dia estava em Assunção, no Paraguai, defendendo o seu título de campeão sul-americano de tênis de mesa. É claro que na oportunidade ele venceu, mantendo o título. Campeão contumaz desde a função da Federação de Tênis de Mesa, Dagoberto Midosi deu dezessete títulos consecutivos ao seu clube Fluminense. Foi campeão brasileiro; sendo campeão sul-americano, por sete anos, e terminou competindo em campeonatos mundiais, sua última vitória deu-lhe o Campeonato Mundial de Masters, disputado na Rússia.

            Pois Dagoberto Midosi, turfista inveterado, pode ser encontrado sempre no mesmo lugar na arquibancada social do Jockey Club Brasileiro, em todos os programas de corridas, as sextas, sábados, domingos e segundas, do primeiro ao último páreo. Assiste anualmente em Paris o Arco do Triunfo, no Hipódromo de Longchamp. Assistiu ao programa inaugural do Hipódromo de Cidade Jardim, quando Quatí foi desclassificado em favor de Bagual. O Dr. Dagoberto Midosi, como todos os turfistas do Rio de Janeiro e de vários outros Estados do Brasil, assistiu a versão de número 81 do Grande Prêmio Brasil.

            O Jockey Club Brasileiro, em lugar de programar quatro dias de corridas, o que resultaria em páreos muito cheios, ou programar cinco programas terminando na terça-feira seguinte, optou por promover corridas quinta e sexta, tudo na areia, e sábado, domingo e segunda na grama. Respeitando os horários dos muitos leilões anteriormente programados, o que se viu foi uma monumental festa turfística, com leilões de potros e de animais em treinamento. E como na semana anterior havia chovido muito, com o penetrômetro na segunda-feira anterior marcando 6,2, o plano da semana só com a grama a partir de sábado, deu tempo a que se tivesse no sábado o penetrômetro marcando por volta de 4,5. Um plano bem arquitetado e que deu muito certo.

            Com ao grande número de provas nobres, inteligentemente, não foram chamados para aquela semana provas comuns eliminatórias para os animais de seis e mais anos, que habitualmente são chamadas e programadas em 51 das 52 semanas do ano. O que o Dr. Dagoberto Midosi e os turfistas em geral assistiram, na semana maior do Jockey Club Brasileiro, além dos ótimos movimentos de apostas, foi o que se segue.

            Na quinta-feira, oito páreos comuns. Na sexta-feira oito páreos dos quais cinco comuns e três provas nobres. O Clássico Luiz Gurgel do Amaral Valente, homenagem à criação paranaense, em 1.200 metros, teve como vencedor Senhor Speed, um filho de Spring Halo, de criação do Haras Campestre, de propriedade do Stud Champion Spirit, treinado por M.V. Lanza e montado por M. Cardoso. No Clássico Breno Caldas, homenagem à criação gaúcha, em 1.600 metros, venceu Flemington, um filho de Amigoni, de criação do Stud Cheasapeak, propriedade do Haras Forquilha de Maranguape, montado por D. Duarte e treinado por V. Nahid. No Clássico Delegações Turfísticas, em 2.100 metros, venceu Viento Del Sur, um filho de Northern Afleet, criação do Haras Santa Maria de Araras, propriedade do Stud Azul e Branco, treinado por C. Morgado Neto e montado por C. Lavor.

            No sábado dia 3, com dez páreos, a primeira prova nobre foi o G.P. João Adhemar e Nelson de Almeida Prado, Grupo III, para potrancas de três anos. A vencedora foi Energia Fribby, filha de Agnes Gold, de criação e propriedade do Haras Estrela Energia, treinada por G. Duarte e montada por M. Almeida. No G.P. Major Suckow, em 1.000 metros, Grupo I, o brilhantíssimo vencedor foi Desejado Put, um filho de Put-it-Back, de criação e propriedade do Stud Alvarenga, treinado por J. C. Sampaio e montado por V. Borges. O tempo do páreo foi igual ao record, e Desejado Put correu com alta técnica na distância curta, isto é, correu colocado em 4º e 5º até os últimos 200 metros, e arrematou com firmeza para vencer uma linda carreira, com um precioso percurso. O G.P. Roberto e Nelson Grimaldi Seabra, Grupo I, para éguas, em 2.000 metros, foi facilmente vencido pela norte-americana Estrela Monarchos, de propriedade do Stud H&R, treinada por D. Guignoni e montada por E. Costa. Massacre.

            Dia 04, com 10 páreos, a primeira das provas nobres foi o G.P. José Paulino Nogueira, em 1.600 metros, Grupo III, para potros. O vencedor foi Set Lua, um filho de Silent Name, de criação e propriedade de Carlos Antonio Platzeck, treinado por V. Nahid, montado por A. Mendes, e que venceu de ponta a ponta, bem. O G. Prêmio A.B.C.P.C.C. (Taça Stud Book Brasileiro), Grupo II, em 3.000 metros, teve como vencedor Viewfinder, um filho de Wild Event, criação do Haras Santa Maria de Araras, propriedade do Stud Alvarenga, treinado por J. C. Sampaio e montado por V. Borges. Correu colocado para uma partida final. O G.P. Programação da República, 1.600 metros, Grupo I, foi vencido por Maltês, um filho de Red Runner, de criação do vitorioso Haras J.B. Barros e propriedade do Stud Malta, treinado por R. Solanés e montado por C. Lavor. A reta final foi acidentada, e o resultado determinado pela Comissão de Corridas. Seguiu-se o Grande Prêmio Brasil, Grupo I, em 2.400 metros na grama, provavelmente, o último a ser corrido no segundo semestre, já que todas as principais provas do mundo turfístico civilizado são programas para as épocas adequadas, quais sejam nos países de nascimentos de primeiro semestre no segundo semestre, quando a nova geração completa três anos de idade e para o primeiro semestre quando os nascidos no segundo semestre completam três anos. Não é uma simples ideia, é um fato decorrente do progresso do turfe mundial, quem não se adequar tecnicamente, perde. Até a tríplice coroa carioca, que é disputada em primeiro semestre, isto, tardiamente, terá que se adequar, passando ao segundo semestre a seguir do início da campanha dos três anos.

            No G.P. Brasil-2013, tivemos uma soberba exibição de qualidade e classe, proporcionada pelo jóquei Altair Domingos. Esse paranaense, que desabrochou como muito bom no turfe paulista, transferiu-se há poucos anos para Buenos Aires, e é hoje, sem favor, um luzidio astro na arte das rédeas. No sábado, dia anterior, já havia vencido no Hipódromo de San Isidro, as duas principais provas de Grupo I, com as vitórias nas duas primeiras provas das tríplices coroas. E, no domingo, montando o favorito Aerosol, tomou resolutamente a ponta desde a largada. Livrou cerca de quatro corpos, e seguiu acelerando até o final do primeiro terço do páreo, isto é, o inicio da reta oposta, já percorrida cerca de 800 metros. Ai, como sempre faziam os bons jóqueis argentinos quando vinham para ganhar o G.P. Brasil, diminuiu o ritmo, deu um “refresco” em Aerosol e sempre na ponta permitiu que os adversários se aproximassem, entrando na reta final com apenas um corpo, escasso de vantagem. Foi quando, acionado a fundo pelo ótimo Altair Domingos, Aerosol correspondeu brilhantemente, e graças a um período de cerca de 1.000 metros em ritmo moderado, resistiu valentemente, àqueles que aguardavam a reta final. No disco, Aerosol ainda manteve cabeça de vantagem. Foi um espetáculo de inteligência, de sensibilidade, de alta classe. Aerosol é um filho de Public Purse, e na linha materna que vai até a maravilhosa Garbosa Bruleur. É de criação e propriedade do vitorioso Haras Santa Maria de Araras, foi treinado pelo excelente Julio Cezar Sampaio e, o jóquei, como já foi ressaltado, o astro Altair Domingos. Foi um favoritismo defendido bravamente, e com muita categoria.

            Na Taça Cidade Maravilhosa, em 2.400 metros na grama, Grupo II, o vencedor foi Volver a Ganar, um filho de Wild Event, de criação do Stud TNT e propriedade do Haras Regina. Foi uma espetacular vitória, em atropelada fulminante. Treinamento de R. Solanés e montaria de D. Duarte.

            Na segunda-feira, teve o Clássico Imprensa, em 1.400 metros na areia. O vencedor foi Desejado Quality, um filho do norte-americano Elusive Quality de criação e propriedade do Stud Alvarenga, treinado por Alcides Morales (o segundo maior ganhador de todos os tempos como treinador) e montado por F. Henrique. Ainda na segunda-feira, o Jockey Club Brasileiro promoveu a Prova Especial Público Turfista, e a escolha para representá-lo, não poderia ter sido a mais feliz, pois Guilherme Pontes Vieira Bezerra é um antigo turista atuante, sempre presente às corridas, e o seu nome veio enriquecer a relação dos anualmente homenageados.

            Foi uma semana bem projetada, com quarenta e seis páreos, e média aproximada de doze animais por páreo, média internacionalmente entendida como ótima. O movimento de apostas correspondeu, como reconhecimento do que foi oferecido por uma Diretoria que tem trabalhado muito e de forma satisfatória, atendendo a todos os setores do Clube.

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