É sabido ser uma tendência mundial o uso intensivo da INTERNET para a captação de apostas em corridas de cavalo. Em alguns turfes desenvolvidos, o movimento geral de apostas (MGA) processado “on line” cresce a taxas atordoantes de (mais) de 20% ao ano.
E com a transferência das imagens da INTERNET, em tempo real, para os telefones celulares e I-pads de última geração, não há mais nenhuma dúvida de que o futuro do MGA – e, portanto, das receitas globais da atividade – está indissoluvelmente ligado a dois modernos instrumentos de alavancagem: (i) às apostas “on line” e (ii) ao “simulcasting internacional pari-mutuel.”
Fora disso, qualquer tentativa de se obter ganhos reais do MGA é sempre árdua e, necessariamente, de longo prazo. Para se ter uma (pálida) idéia do que vem ocorrendo no turfe europeu de nossos dias, basta mencionar que, enquanto as apostas “on line” progridem na base de 20% ao ano, aquelas realizadas – em euros – pelos apostadores europeus nas corridas do exterior (no sistema pari-mutuel, claro!) apresentam espetaculares incrementos de mais de 80%. Isso mesmo, 80%.
Assim, sob qualquer aspecto que se examine a questão, não há mais como ocultar a nova e verdadeira revolução em matéria de apostas que se processa no turfe no mundo.
Esta tendência, entretanto, não é desconhecida pelo JCB, um fato que pode ser verificado a partir do conhecimento dos números de seu site de apostas. Como se segue.
O site de apostas “online” do JCB
De maio de 2012 a junho de 2013 (14 meses, portanto) foram apostados R$ 20,4 milhões através do site do Jockey Club Brasileiro (média de R$ 1,46 milhões/mês). Pode parecer pouco – e é – diante das gigantescas potencialidades desse instrumento.
Ocorre que o site em questão conta com apenas 15 meses de implantação, e o início de sua operação sofreu todas as naturais dificuldades e tumultos que cercam a chamada “coisa nova”, dos quais os maiores diziam respeito à sua formatação inicial e, principalmente, à sua manutenção. Por outras palavras, o desenho adotado parecia carecer de agilidade e rapidez, algo que está sendo resolvido, neste momento, pela área de informática do próprio JCB.
Ainda assim, o incremento das apostas “on line” da Gávea é de 78% em relação aos números de abril de 2012. A simples troca da terceirização da manutenção do site e a assunção integral do mesmo pelo JCB está na base do citado incremento.
No que respeita ao número de clientes cadastrados (os que apostam via site), ele hoje já se eleva a 8.517 clientes (em junho de 2013) e supera o número dos que apostam via Teleturfe (7.381). No total de clientes (site + Teleturfe), são 15.898 os que hoje apostam através das duas ferramentas. A tendência, porém, seguindo, aliás, o parâmetro universal, é o site ampliar sua diferença sobre o Teleturfe, com as vantagens da “capilarização” daí decorrente.
Número de “visitas” ao site do JCB
Embora os valores apostados ainda sejam relativamente modestos em termos internacionais – eles certamente podem ser muito maiores, e certamente serão com o passar do tempo –, o número de “visitas” ao site do Jockey Club Brasileiro já é significativo. Vejamos a seguir.
De 1º de abril a 9 de junho de 2013, medido pelo Google Analytics, houve 2.285.680 visitas ao site (média de 152.378 por mês). E isso o transforma em um dos maiores sites de turfe do país, senão maior. Dessas, 1.947.247 “visitantes” retornaram após a primeira visita. E percorreram 11,6 milhões de páginas. Em matéria de “visitas”, os números vêm crescendo à boa média de 14,6% ao ano.
Mas o interessante, é perceber que internautas de nada menos que 108 países frequentam o site do JCB, o que apenas demonstra a força da INTERNET no mundo.
Entre esses países, os primeiros são, pela ordem: EUA, Colômbia(!), Argentina, Uruguai, Canadá, Portugal, Chile, Inglaterra, Espanha, França, Suécia e Alemanha. Mas até de nações como o Vietnam, Etiópia, Nepal, Togo, etc, recebemos visitas. O que demonstra a força do turfe no mundo.
Mas é do conjunto de México, Mônaco, Venezuela, Panamá, Nova Zelândia, Costa Rica e África do Sul, que vem a maior percentagem de novos visitantes. Seguidos por Argentina, Austrália, Alemanha, Colômbia, Chile e Japão. E os números crescem geometricamente.
Quanto à visualização dos vídeos de corridas do Youtube postados no site, foram 448.405 os internautas que os acessaram (quase meio milhão de pessoas mundo a fora).
Dificuldades iniciais e propostas de solução
Ninguém pode ignorar que é preciso melhorar muita coisa no site do JCB. De saída, é preciso melhorar o conteúdo das informações ao apostador (principalmente no dia da corrida). Mas isso não basta. É preciso – e urgente – simplificar o acesso ao sistema de apostas, tornando-o mais leve, e atuar no sentido da rapidez da transferência dos créditos. Da mesma forma, a própria manutenção do sistema como um todo; a geração das imagens em tempo real (impedindo que ela “congele”); o acesso à ferramenta de abertura (hoje bastante complicado com a equivocada divisão entre “turfe” e social”), são tarefas fundamentais.
Todas elas, entretanto, constituem motivo de preocupação da área de informática do JCB. E essas medidas estão sendo tomadas, não há nenhuma dúvida a respeito. Inclusive, todos os vultosos recursos de implantação da nova ferramenta já foram inteiramente recuperados com a mera e simples extinção do pagamento mensal a terceiros pela sua manutenção. Quem hoje mantém o site é a informática do JCB. Ou seja, ele deixou de ser deficitário em termos de custo.
E não há como ser diferente. A consciência de que o MGA de qualquer clube de corridas só vai crescer, a curto prazo, com o maciço investimento em sistemas “online” de captação de apostas, conjugado com o aumento da base dos apostadores locais através da introdução do “simulcasting internacional pari-mutuel”, é algo inteiramente cristalizado na consciência do turfe do mundo. Um “déja vu.”
Não há nenhum motivo para desacreditar que isso já não esteja cristalizado na nossa.
por Sergio Barcellos