Há muitos anos, foi fundada em São Paulo, a ANPC (Associação Nacional dos Proprietários de Cavalos). Essa Associação não nasceu como acontece hoje em São Paulo e no Rio, para especificamente hostilizar os Jockeys Clubs, mas para colaborar com eles. Para que se tenha uma ideia do padrão da então Associação, basta lembrar os nomes de dois dos seus ex-presidentes, Matias Machline e José Bonifácio Coutinho Nogueira. A ideia de colaboração surgiu como elemento de contribuição técnica visando à programação clássica. Nos anos indos, as situações das programações eram muito diferentes das atuais, o número de produtos nascidos era, naturalmente, compatível com o número de páreos oferecidos, e as várias diretorias dos clubes se sucediam alterando a cada ano as ofertas clássicas.
Havia distorções, por exemplo, para a primeira turma para animais velozes chegou-se ao cúmulo de só haver duas provas importantes em 1.000 metros, uma em fevereiro e a outra em novembro. Esse e muitos pontos fracos das programações de Cidade Jardim e da Gávea eram tratados pela não belicosa ANPC. Um evento importante foi por ela criado, qual seja um conjunto de quatro páreos, um em 2.000 para éguas, e um em 1.000, outro em 1.600 e ainda outro em 2.4000 metros, a exemplo, do que já havia e há a muitos anos em Cidade Jardim e na Gávea, com provas preparatórias, respectivamente, para o Grande Prêmio São Paulo e Grande Prêmio Brasil, mas em épocas diferentes, visando cobrir espaços importantes nas programações.
Tanto o Jockey Club de São Paulo como Jockey Club Brasileiro acolheram as sugestões da ANPC, em clima de compreensão. Mas os tempos foram mudando e as programações clássicas se aperfeiçoando. Por outro lado, a infelizmente extinta Sociedade de Criadores e Proprietários de Cavalos de Corrida de São Paulo, quando da Presidência de Antonio Luiz Ferraz, instituiu uma espetacular prova promocional que visava o fomento dos leilões de potros, que já não havia mais em função de regulamentos inadequados e de falta de trabalho no setor, tanto em São Paulo quanto no Rio. Essa prova, denominada de Taça de Prata, nada tinha a ver com a outra taça que a substituiu, tomando-lhe inapropriadamente o nome, titulando outro regulamento que se mostrou ruim. A Taça de Prata, a da Sociedade, deu vida ao tufe por mais de trinta anos, mas acabou sendo na prática quase extinta, pois assim como a ANPC, a Sociedade morreu e tanto o evento da ANPC como o da Sociedade foram absorvidos pela Associação Brasileira.
Hoje em dia os dois eventos foram unidos em um só, constituindo a chamada Copa dos Criadores, formada por quatro provas de grupo, uma em 1.000 metros e outra em 2.000 metros, ambas abertas para os três e mais anos, e duas provas denominadas inadequadamente de Taça de Prata, com a utilização de um nome nobre em um novo regulamento ruim. O resultado não poderia, como não é, bom.
Não é o fato das poucas inscrições na Copa dos Criadores de 2013 realizada no Hipódromo da Gávea que chama a atenção. No civilizado turfe europeu é comum provas serem corridas por 3, 4 ou 5 animais. O que está acontecendo com a Copa dos Criadores é um resultado mais do que previsto, ante os erros e desmandos de modificações de regulamentos muito bons para outros decorrentes de turfistas delirantes, ainda mais, com as alterações das épocas das programações. A Associação Brasileira já entendeu que recebeu dois importantes eventos que foram maltratados por gente bem intencionada e que preferiu mudar por mudar, alterar para introduzir ideias próprias, mas nos casos, inapropriadas, e já designou comissão especial para tratar do assunto.
A solução não me parece difícil. Primeiro acabar com a alternância, pois cada vez, a cada ano que a Copa muda de cenário, abre um buraco na programação clássica de um clube e sufoca por exagero a programação do outro. Segundo, trazer de volta para o seu devido lugar a denominação de Taça de Prata para o seu adequado ótimo regulamento, aquele antigo responsável pelo enorme sucesso durante muitos anos. Terceiro, fixar a Taça de Prata em São Paulo, na sua tradicional época, seu lugar de origem. E, procurar um espaço adequado em Cidade Jardim ou na Gávea, onde for entendido como melhor e definitivo, quatro provas que representem evento completamente diferente, e que não necessitem ser realizada em conjunto, cada prova em função de sua chamada e distância, colocada em lugar conveniente. Sem alternâncias, com a genuína Taça de Prata em Cidade Jardim, e com a ex-Copa ANPC estudada para os mais adequados espaços, o sucesso da Associação Brasileira virá com certeza. Por simples sugestão, eu entendo que esses dois eventos nasceram em São Paulo, e lá devem ficar. O Rio já tem outras promoções importantes, como o circuito das longas distâncias, a especial sequência de provas na milha e na areia, etc.
Com certeza, a Comissão instituída pela Associação Brasileira chegará a uma boa conclusão. Mesmo que, eventualmente, o resultado não seja ótimo, certamente será melhor do que a atual Diretoria da Associação Brasileira herdou. É necessário não esquecer que a ANPC e a Sociedade tiveram as luzes, dentre outros nomes importantes, respectivamente, de Matias Machline, José Bonifácio Coutinho Nogueira, Hernani Azevedo Silva e Antonio Luiz Ferraz.