Em 2012, o Jockey Club Brasileiro entendeu de alterar a vantagem das joquetas de 2 para 1kg. Essa vantagem tem fundo promocional, não técnico, pois quem corre são os cavalos e não quem os monta. Entre as vantagens que as joquetas recebem, além é lógico das suas qualidades, está o peso físico das moças, de um modo geral, mais leves que os homens. Com o problema do peso excessivo dos jóqueis, que muitas vezes, apelam para os 2kg a mais permitidos pelo Código Nacional de Corridas, as joquetas constituem-se em uma solução para aqueles treinadores e/ou proprietários que não concordam em dar vantagens de graça aos outros competidores. Pesando menos, isto é, com um peso líquido (sem o material de encilhamento), as joquetas são no geral uma opção, ainda mais com a permissão não técnica, mas promocional, de ainda menos 2kg.
Essa vantagem representa muito na prática, e tivemos nos últimos dois anos na Gávea, uma sucessão de vitórias de uma joqueta, alias a única no Rio, que tem ou tinha peso liquido até menos de 50kg, que ganhou tantas corridas em função da vantagem. Isso no entendimento da quase totalidade dos turfistas, que chegou, mesmo para ainda aprendiz, a liderar a estatística. Quando ela era ainda aprendiz de quarta e terceira categoria, levava 6 a 5 kg de vantagem. Esse absurdo se traduziu, muitas vezes, nas pistas quando a joqueta ia decididamente para a ponta, e no meio da reta quem ainda tinha forças para tentar assumir a liderança, inúmeras vezes só ameaçava e não passava batido pela grande diferença de peso. Não vai daqui nenhuma restrição às qualidades da joqueta, que corria com o “regulamento debaixo do braço”, isto é, forçava um ritmo que o pilotado dela suportava em função da vantagem de peso, o que não acontecia com os adversários.
Esses 2kg de vantagem das joquetas, embora só válidos para as provas que não do calendário clássico e handicaps, desfigurava os resultados das corridas. As aprendizes, então, tinham uma dupla vantagem. Em lugar de 4, 3 , 2 e 1kg, com os 2kg extras passavam a ter 6, 5, 4 e 3kg. Um absurdo.
Em 2012, ainda em boa hora, o Jockey Club Brasileiro entendeu de diminuir a tal vantagem de 2 para 1kg. Assim, com o novo 1kg, as joquetas ficaram com uma vantagem menor, e as aprendizes, em lugar de 6,5,4 e 3kg passaram para 5,4,3 e 2kg. Muitos turfistas ainda entenderam que as aprendizes ainda continuavam com vantagens excessivas, os 4,3,2 e 1 eram mais do que suficientes e justos. Mas, pelo menos por enquanto, os 2kg gerais passaram a 1kg. As joquetas com 1kg e as aprendizes, conforme suas categorias, com 2, 3, 4 e 5kg.
Essa resolução do Jockey Club Brasileiro teria maior significação em Cidade Jardim, que abriga cerca da metade das joquetas brasileiras (no Rio, em princípio, só há uma atuando e no resto do país mais umas quatro). Mas o Jockey Club de São Paulo decidiu não acompanhar de pronto a resolução carioca, postergando para 1° de janeiro de 2013 o inicio da aplicação da nova tabela de vantagem. E, a partir daquela data, os 2kg também passaram a 1kg em Cidade Jardim.
Esse tipo de vantagem não existe em nenhuma parte do mundo turfístico civilizado. Não seria necessário lembrar grandes joquetas do passado, que sem levar vantagens de peso, foram extraordinárias. Marina Lezcano na Argentina ganhou até o Pellegrini; Julie Krone nos Estados Unidos ganhou uma estatística nacional; a nossa gaúcha Suzana Davis, foi um ídolo com grandes vitórias em sua época, sem quaisquer vantagens em relação aos homens. Mesmo hoje em dia, temos em Cidade Jardim um bom número de joquetas, com destaque para Joseane Gulart, um dos três melhores jóqueis em atividade em Cidade Jardim, eventualmente na liderança da estatística, e que mesmo nas provas de calendário clássico, isto é, sem a vantagem de peso, luta de igual para igual com os melhores, com um percurso sempre ou quase sempre primoroso.
As mulheres, para enfrentar os homens, têm que ter qualidades, e o tal 1kg de vantagem corre por conta do fato indiscutível que no geral os homens são mais fortes que as mulheres, embora isso seja apenas uma parte no confronto, pois a qualidade individual e a técnica sejam fatores até preponderantes.
Essa vantagem promocional de peso não pode ou não deve constar do Código Nacional de Corridas, mas cabe nos apêndices dos Clubes. Assim, o Jockey Club do Rio Grande do Sul pode ou não aderir à modificação.
No meu entender, acho que, com o tempo, é provável que o 1kg de vantagem adicional vai sair das aprendizes e só ficar nas joquetas, o que é mais lógico e justo.