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Coaraze (Milton Lodi)

Coaraze (Milton Lodi)

 

            A Francesa Zariba, uma filha de Sardanapale, além de ser uma boa égua,foi uma extraordinária mãe.

            Coberta por Cranach, produziu Corrida, grande ganhadora clássica, inclusive tendo vencido por duas vezes o Prix de ‘ Arc de Triomphe.

            Quando Corrida, coberta de glórias, foi para a reprodução, foi oferecida a um ícone da criação mundial, Tourrillon.

Esse filho do líder de geração Ksar foi dos melhores da criação Boussac, e formou com Pharis dos alicerces da criação Boussac e francesa. Dessa união nasceu Coaraze, que confirmou nas pistas as altas qualidades que dele eram esperadas. A ida para reprodução de Coaraze parecia uma garantia para a cada vez mais seletividade da criação francesa. Mas um fato inesperado surpreendeu o mural turfístico.

No ano seguinte à sua entrada na reprodução, o nome de Coaraze figurava em publicação da Societé d’ Encouragement, entidade que antecedeu a atual France Gallop, no incentivo ás atividades dos cavalos puro-sangues de corridas. Na tal publicação, Coaraze figurava como uma oferta para eventuais criadores interessados em garanhões pretensiosos.  Àquela época, o prestigio da Comissão de Fomento do Jockey Club de São Paulo era enorme, em boa parte em função do Posto de Fomento Agro- Pecuário de Campinas, mais conhecido como Posto de Monta, uma iniciativa notável de Jockey Club de São Paulo, à época com a hegemonia absoluta no turfe brasileiro. 

O prestigio do Posto de Monta era de tal ordem que, em outro momento, a pedido da Rainha da Inglaterra, foi incluído no programa de visitas quando ela veio ao Brasil. Quando a publicação chegou a Comissão de Fomento do JCSP, de imediato o assessor técnico Capitão Bela Wodianer pediu ao então Presidente da Comissão, José (Juca) Homem de Melo, que entrasse em contacto imediato com a Societé, visando à compra do cavalo. O preço era alto, mas o JCSP podia pagar. O único problema era procurar saber o porquê do desejo de vender um cavalo de tanta qualidade. A resposta não demorou, o cavalo tinha sido colocado à venda porque, logo na sua primeira geração, haviam ocorrido muitos casos de partos gemelares, isto é, muitas das éguas cobertas por Coaraze tinham gerado gêmeos. O Capitão entendeu logo o equivoco francês, a geração de gêmeos e da responsabilidade das éguas, nunca do garanhão, e era tratar de comprar o cavalo de imediato, antes que tirassem o campeão da relação de vendas. Afinal, o cavalo foi comprado e foi para São Paulo. Naturalmente não ocorreram mais problemas de gestações gemelares, e a qualidade dos filhos foi maior que a expectativa, potros e potrancas saudáveis, e corredores acima de uma boa média.

Antes a evidência do equivoco, os franceses tentaram levar Coaraze de volta para a França, mas o JCSP não aceitou sequer tratar do assunto, pois a Coroaze estava prevista a condição de grande melhorador do plantel brasileiro. Anualmente , os criadores inscreviam as suas melhores éguas na Comissão de Fomento para Coaraze, e era necessário um estudo para escolher as 40 privilegiadas (àquela época, 40 era o número máximo que era dado a um garanhão). Com toda a sua alta qualidade, e recebendo as melhores éguas, Coaraze firmou-se como um garanhão de exceção.

            Só para lembrar o nome de um dos seus filhos, o invicto em 5 corridas Emerson, ganhador do Derby Carioca, do Derby Paulista, e do Derby Sul-Americano. Emerson, filho de Coroaze e Empenosa, de criação e propriedade do Haras Guanabara (Nelson e Roberto Grimaldi Seabra), terminou sendo exportado para a França como reprodutor onde, mesmo sofrendo um processo de marginalização por suas origens, foi um dos grandes destaques. Muitos experts brasileiros entendem ter sido Emerson o melhor corredor brasileiro de todos os tempos.

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