Nomes nacionais e estrangeiros – por Milton Lodi » Jockey Club Brasileiro - Turfe

Nomes nacionais e estrangeiros – por Milton Lodi

 

NOMES NACIONAIS E ESTRANGEIROS

Milton Lodi

 

Não é de hoje que os turfistas reclamam da nominação dos produtos brasileiros com nomes ingleses. Na verdade, não é fácil dar bons nomes nacionais, há que pesquisar, mas o hábito é impressionante. Na eventual impossibilidade de dar bons nomes da língua portuguesa, eu mesmo, já utilizei de nomes estrangeiros, mas sem a fixação e preferência geral, além de nomes nacionais que entendia bons, dei nomes franceses como Gourmet, Moustache, Tutsi Bonbon e Berceuse, também nomes italianos como Negroni, Faustina, Giuliano e Fiorellina, um alemão como Goethe, e espanhóis como San Pablo. Nomes ingleses também foram dados, como Happy, High Class, Hialeah, Four Hills, Hudson e outros. Uma alternativa é dar nomes duplos, mas nem sempre é fácil, mas derivando-se para aos estrangeiros, há um enorme exagero nos nomes da língua inglesa, uma verdadeira fixação.

Muitos dos Haras importantes não demonstraram através dos anos a tal fixação, dando preferência a nomes brasileiros, mas também estrangeiros, desde que bonitos. O Haras Faxina teve Narvik, palavra norueguesa, Off the Way, inglesa e Rabat (Marrocos). O Haras Santa Anitta deu os ingleses Quick Chance e King Bay. O Bela Esperança deu o nome persa Hamdam e o italiano Rapallo. O São Bernardo, com o refinamento da Baronesa Von Leithner, preferia nomes franceses, como Quartier Latin, Gaudeamus, Courageuse e Nageur. O Santa Ana do Rio Grande seguiu com a não fixação em nomes ingleses, dando preferência a nacionais bonitos e/ou significativos e nomes estrangeiros que entedia bons, como os ingleses Bowling, Super Power e Falcon Jet, o italiano Ribolletta, o alemão Breitner. A mesma orientação tem o Santa Maria de Araras, que deve encontrar dificuldades ante a grande quantidade de potros e seguindo as letras do alfabeto, mas dentro do possível mescla nomes italianos (Palazzi), Franceses (Unifrance) e Old Master e Villach King (ingleses). O importante é dar preferência a nomes nacionais, e na impossibilidade, então procurar nomes bonitos e significativos de outros idiomas.

Há programas de corridas, na Gávea e em Cidade Jardim, que dão a impressão de estarmos na Inglaterra ou nos Estados Unidos.

Antigamente era mais fácil colocar um bom nome nacional, os tradicionais Haras Mondesir e São José e Expedictus quase que não davam nomes estrangeiros, e olhem que seguiam as letras do alfabeto e tinham grandes produções. Prosper foi uma palavra inglesa usada pelo Haras Mondesir, na época do fundador do Haras, o saudoso Benemérito Antonio Joaquim Peixoto de Castro Júnior, uma raridade em nomes do Haras, na época, mas em mãos dos netos Antônio Joaquim e Paulo Cézar vieram habitualmente nomes estrangeiros, e só para exemplificar com três, os ingleses Sunset e Durban Thunder e o francês Fausse Monnaie. O mais tradicional de todos, o da família Paula Machado, o São José e Expedictus, também primava por dar nomes nacionais, de um modo geral de muito bom gosto, mas em mãos dos descendentes do fundador vieram nomes como os ingleses African Boy e Be Fair(na foto) e o francês Virginie, só para citar três.

Um dos Haras com nomes muito bonitos era o Guanabara, dos irmãos Seabra. Os nomes eram muito bons, bonitos, significativos e as nacionalidades vinham depois. Nomes alemães como Lohengrin, espanhóis como Escorial e Emocion, ingleses como Emerson e Emerald Hill, nacionais como Canavial, Cáucaso e outros nacionais refletiam a internacionalidade dos dois irmãos, que passaram partes de suas vidas viajando pelo mundo, conhecendo os países tradicionais e também terras exóticas.

Estamos no Brasil, a nossa língua é portuguesa, se não há possibilidade de registros com nomes nacionais bonitos e de bom significado, que se vá para outros idiomas, mas sem a fixação de nomes ingleses, que podem e até devem ser utilizados como os espanhóis, os franceses, os italianos, os russos, e todos aqueles que, independentemente de nacionalidade sejam entendidos como bons.

Estamos no Brasil, vamos dar preferência a nomes nacionais, nacionais ou estrangeiros, que tenham beleza, sejam significativos de cunho exótico, que representem originalidade, enfim, que sejam bons, e se forem estrangeiros que não tenham fixação no idioma inglês, há palavras lindas em todos os idiomas.

 

 

 

Gostou da notícia? Compartilhe!

Pular para o conteúdo