FIAH, PMU, apostas e o TURFE no mundo, por Sergio Barcellos » Jockey Club Brasileiro - Turfe

FIAH, PMU, apostas e o TURFE no mundo, por Sergio Barcellos

No dia 8 de outubro do corrente, teve lugar em Paris a 46ª Conferência da Federação Internacional das Autoridades Hípicas (FIAH), da qual o Jockey Club Brasileiro é membro (Categoria I, como os EUA, a Irlanda e o Japão).

Compareceram à citada Conferência 103 representantes de 59 países; mais os das três organizações regionais (OSAF, Asian Racing Federation e Associação dos Dirigentes de Turfe dos EUA); e um membro honorário (o The Jockey Club inglês).

As sessões de exposição e debates transcorreram das 09:00 hs às 17:00 hs e abordaram alguns temas importantes da atualidade do turfe mundial, entre eles:

. A integração do sistema de avaliação dos “ratings” do turfe da  América do Sul ao sistema mundial de “ratings” (WTR) a partir de janeiro de 2013. Em consequência, as programações clássicas do continente, estarão subordinadas, a partir de janeiro de 2016, ao referido sistema.

. No começo de 2013, a FIAH passará a publicar a lista das 50 principais provas turfísticas do mundo com base na avaliação dos “ratings” dos animais que as disputam. A notar que , até este momento, não existe nenhuma prova de Grupo do continente sul-americano entre as 50 principais. De igual forma, nenhuma prova do calendário clássico australiano, por exemplo, faz parte da mencionada relação.

. No que respeita à medicação para correr, uma revisão do artigo 6º do Regulamento Internacional está em curso e será apresentada para discussão durante o exercício de 2013, concernente, inclusive, às novas questões da manipulação genética e celular no cavalo de corrida.

. Ainda, a FIAH informa que seu website passará a publicar todos os limites de tolerância (“thresholds”) das substâncias proibidas, recomendando que as entidades-membro procedam da mesma forma, ou seja, dando amplo conhecimento a todos os interessados (no caso, médicos veterinários, treinadores, e aos responsáveis diretos pelos animais) sobre quais são esses limites.

. Em relação ao turfe norte-americano, a notícia é a da proibição – já na disputa do Festival da Breeders’ Cup, em novembro deste ano – do uso de furosemida (Lasix) em todos os animais de dois anos de idade, um passo considerado decisivo pelo The Jockey Club da América para ir-se, progressivamente, limitando a ocorrência deste tipo de medicação no turfe daquele país.

. No capítulo sobre a OSAF, a exposição do presidente do Conselho Técnico Executivo da organização, Dr Ignácio Pavlovsky (Junior) mostra que o continente sul-americano representa hoje 14,25% de todas as corridas realizadas no mundo; 12,25% do número de animais em treinamento; 4,74% dos prêmios pagos; e 16,33% dos nascimentos.

O jogo de apostas mundial

Um dos principais painéis da Conferência referiu-se ao jogo de apostas em corridas de cavalo, em termos globais. A conclusão deste tópico pode ser melhor entendida através das palavras de Phillipe Germond, atual presidente do PMU francês, uma das maiores organizações internacionais deste tipo de atividade, com vendas anuais de Euros 10.2 bilhões:

“A necessidade de utilizar de forma criativa a tecnologia da informação no desenvolvimento das apostas em corridas de cavalo, é fundamental para atrair o segmento mais jovem da população para o esporte. Sem investimento em tecnologia da informação (leia-se, o uso massivo das apostas via INTERNET) será inevitável assistirmos à estagnação e ao decréscimo progressivo do turnover da indústria.”

Novamente aqui, verifica-se que a ênfase no crescimento do movimento geral de apostas do turfe mundial passa, necessariamente, pelas apostas via INTERNET. Com mais forte razão, ainda, depois do avanço da telefonia celular e dos I-pads, hoje as principais alavancas da moderna comunicação.

Para Phillipe Germond, o tripé formado (1) pela geração de  imagens em alta definição (HD) – (2) o uso intensivo da INTERNET na captação de apostas – e (3) sua transferência para a telefonia celular móvel de última geração, constitui a  viga mestra do crescimento do MGA nos próximos anos.

E sob este aspecto, é o turfe da Ásia, com seus atordoantes MGA’s, aquele que se encontra na vanguarda deste movimento e desta tendência universal.

“Adaptação a um ambiente em constante mutação”

A palestra sobre o tema foi proferida pelo atual presidente da France Galop (e ex-presidente do PMU), Bertrand Belinguier, que discorreu sobre as quatro principais ações que devem ser desenvolvidas por qualquer direção de uma sociedade promotora de corridas. A saber:

. O fator primordial que garante a independência do esporte das corridas de cavalo em qualquer parte onde ele ocorra, é a qualidade da gerência de suas apostas;

. As relações do esporte com as autoridades políticas do país onde ele se desenvolve constituem absoluta prioridade, a par da necessidade de integrar os hipódromos à vida cotidiana das cidades onde eles se situam;

. Fazer as corridas de cavalo mais conhecidas pela mídia e atrair para elas contingentes mais jovens da população – “principalmente o público feminino” –, só é possível, hoje, através da melhoria da imagem gerada nos hipódromos e do uso da INTERNET no desenvolvimento das apostas. Uma boa imagem e a INTERNET são os dois vetores mais importantes do desenvolvimento da atividade;

. E se quisermos mais animais na pista, melhores corridas, e a criação de um ambiente que capte e retenha o interesse da população, não há saída, senão incentivar e encorajar a chamada “sindicalização da propriedade”, a melhor forma de ampliar o número de novos proprietários de cavalos.

PMU é o conceito das apostas na França

Como se sabe, o PMU (Pari-Mutuel Urbain), fundado em 1930 pela Associação Francesa de Corridas de Cavalo, é hoje uma companhia que concebe, divulga, totaliza e promove apostas. Seus acionistas são as 57 Associações francesas dedicadas à atividade, e sua direção incumbe aos 10 membros de seu Conselho de Administração.

Em 2011, o turnover do PMU atingiu a quantia de Euros 10,236 bilhões, dos quais Euros 9,765 bilhões referem-se às apostas em corridas de cavalo (o resto, à exploração de apostas via INTERNET também em poker e futebol).

Estes números transformam o PMU na segunda maior companhia mundial de seu setor de atividades, com 6.5 milhões de clientes, mais de 500.000 contas de apostas, e uma rede de 11.288 pontos de venda. O PMU possui ainda dois canais de televisão (Equídia 1 e 2) dedicados, exclusiva e respectivamente, às corridas de cavalo na França e no exterior.

Até setembro de 2012, as atividades internacionais do PMU somavam 49 associações em 34 países, gerando um turnover de Euros 400 milhões (+ 137% em relação aos números de 2011).

O lucro do PMU em 2011 foi de Euros 2,491 bilhões, dos quais Euros 233 milhões já provêm das apostas via INTERNET (crescimento de 45% em 2011, em relação a 2010).

Seus concorrentes no mercado francês de jogos de apostas são os cassinos e a loteria nacional, com os quais ele compete em condições de igualdade.

Estrutura de vendas

A rede de apostas do PMU em território francês soma 11.288 pontos de venda, mas o crescimento explosivo das apostas via INTERNET (iniciadas em 2003), com novas aplicações disponíveis em telefonia móvel, smartphones, IPhones, PC Tablets e Ipads (crescimento de 260% no período 2009-2010), indica com razoável clareza qual o caminho que vem sendo trilhado pela companhia.

Finalmente, a curva de crescimento da indústria de jogos na França, mostra que nos últimos anos as vendas do segmento “Cassinos” têm sido cadentes, o que levou o citado segmento a ser ultrapassado pelo somatório das vendas do PMU (em crescimento constante desde 1998) e da “Loteria Nacional” (idem), que, juntos, somam hoje mais de Euros 20 bilhões por ano.

Foram estes, em resumo, os principais tópicos debatidos no âmbito da Conferência em questão. Nas reuniões dos chamados Comitês Técnicos, cujos trabalhos se desenvolvem em paralelo, antes de depois da Conferência, cada um dos temas acima mencionados é debatido e  desenvolvido em maior profundidade.

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