A tarde deste domingo (30), última reunião do ano de 2018, no Hipódromo da Gávea, foi diferente. A presença de Juvenal Machado da Silva contagiou as arquibancadas e fez com que turfistas e profissionais largassem tudo e parassem para admirar, abraçar e relembrar momentos juntos a um ícone do turfe brasileiro.
Juvenal visitou a CC do JCB, recebido pelo presidente Carlos Beloch, e andou por todo o prado, sendo parado a todo instante para fotos e recordações do seu séquito de admiradores.
O alagoano ainda compareceu ao winners circle para a foto da vitória do promissor Dark Bobby (Stud Stabile Quintella). Sua emocionante conversa com Carlos Lavor foi registrada no vídeo ao lado e merece sua atenção.
Fica fácil entender o por quê de mais de 15 anos após sua aposentadoria, Juvenal ser reverenciado e adorado por onde passa.
Um dos mais talentosos bridões de todos os tempos, dono de uma tocada com a canhota inigualável, Juvenal Machado da Silva mesmo depois de aposentado ainda possui uma legião enorme de fãs. Todos admiradores desse alagoano que chegou ao JCB, em 1971, aos 16 anos para ingressar na Escola de Profissionais do Turfe e conquistou a sua primeira vitória justamente no dia do seu aniversário, 15 de novembro, no dorso de Eringa.
Hexacampeão da estatística de jóqueis, de 1976 a 1981, dono de mais 4.000 vitórias em sua carreira, Juvenal perdeu o hepta para Jorge Ricardo em 82 e depois o atual recordista mundial de vitórias venceu-a por 27 vezes consecutivas. Aliás, essa “rivalidade” movimentou a mídia durante anos e os dois campeões a alimentavam sempre com o enorme respeito que norteou a amizade de dois dos maiores profissionais que o mundo do turfe conheceu.
Um exemplo clássico desse respeito se deu quando Ricardo venceu seu 1º GP Brasil (G1), em 1992, com Falcon Jet (Ghadeer) sobre Flying Finn (Clackson). Muitos queriam que Juvenal reclamasse e o alagoano subiu à sala da Comissão de Corridas e disse: “O garoto não fez nada, o cavalo dele tinha mais ação e a vitória foi justa”, numa demonstração clara do caráter do popular Nanau.
Maior ganhador da história do GP Brasil, com cinco vitórias, Juvenal levou o primeiro em 1979, com Aporé (Egoismo), do Haras São José & Expedictus; o segundo em 1982, com Gourmet (Negroni), do Haras Ipiranga; o terceiro em 1986, com Grimaldi (Executioner), de Delmar Biazolli Martins; o quarto em 1987, com Bowling (Crying To Run) (filme ao lado), do Haras Santa Ana do Rio Grande; e finalmente o quinto em 1990, com Flying Finn(Clackson), do Stud Numy.
Juvenal venceu também o Grande Prêmio São Paulo (G1) de 1987 no dorso de Grimaldi. Após ter conquistado praticamente todas as maiores provas do turfe nacional, Juvenal levou Super Power (Roi Normand), de criação do Haras Santa Ana do Rio Grande e propriedade do Stud Rio Aventura, à conquista da Tríplice Coroa, após os triunfos nos GGPPs Estado do Rio Janeiro (G1), Francisco Eduardo de Paula Machado (G1) e Cruzeiro do Sul (G1) (filme à direita), no ano de 2000.
Em 2002, vencido pelos inúmeros problemas físicos, Juvenal pendurou o chicote e voltou para sua Delmiro Gouveia para cuidar da sua fazenda e de seu gado.
O sempre bem humorado e rubro-negro doente, quem não se lembra da famosa história de que levava o rádio de pilha para o alinhamento, para ficar por dentro das peripécias de Zico e Cia. nos gramados do Brasil. Juvenal não monta mais, mas neste domingo o bordão do saudoso Ernani Pires Ferreira voltou a ecoar com força na mente dos turfistas:
“E lá vem o Juvenal”.
Confira a galeria de fotos da visita do maestro: