No domingo, 22 de setembro, o Jockey Club Brasileiro, pela terceira vez através de uma carreira de G3 – até 2021 a prova era um Listed Race -, celebrará o saudoso criador e proprietário Armando Rodrigues Carneiro.
Homem de hábitos simples, bem quisto por todos, Armando Carneiro mantinha seus animais com o treinador Levy Ferreira no Hipódromo da Gávea. Seu Levy (Cadir e Xira, por Sayani) deu a Armando a alegria da vitória no GP Major Suckow de 1965. Em 1969, adquiriu em Teresópolis o Haras São Miguel, mudando o seu nome para Haras Nacional e ali começou a criar seus próprios animais. Em 1982, comprou terras em Bagé e o seu Haras Nacional tomou a mesma direção dos principais criadores do turfe nacional que já utilizavam o sul do país como base para seus haras.
Armando queria deixar sua marca na criação nacional e não poupou esforços para importar o tordilho Hang Ten, filho de The Axe II em Good Queen Bess, essa uma filha de Bold Ruler, já pensando em seu sucesso como avô materno. Não à toa, cada fêmea que nascia em seus campos, a festa era enorme. Depois, ao comprar ao Stud Montecatini, o craque Clackson (foto à esquerda e na capa) (ISay e Quarana, por Pharas) dono de nove vitórias de Grupo, entre elas os GGPPs São Paulo (G1) e Paraná (G1), tudo veio a se confirmar.
O “nick” Clackson em égua Hang Ten foi um dos mais bem sucedidos da história do turfe nacional e, logo em sua primeira geração, Clackson e In Passion (Hang Ten) deram a Armando Carneiro uma das maiores alegrias da sua vida turfística produzindo Old Pretender, ganhador do GP Cruzeiro do Sul (G1) de 1988. Armando disse à época que já poderia morrer, pois havia realizado seu maior sonho, vencer um Derby. Em 85, nasceu Partidora (Clackson e Jucirana, por Hang Ten), vencedora dos GGPPs Mariano Procópio (G2) e Antônio Joaquim Peixoto de Castro (G2).
Defensor do Stud Numy e criado pelo Nacional, o loirinho Flying Finn (foto) (Clackson e Life Work, por Hang Ten) deu a Juvenal Machado da Silva, em 1991, seu quinto é ultimo GP Brasil (G1) numa reta inesquecível com Falcon Jet (Haras Santa Ana do Rio Grande) que levava Jorge Ricardo em seu dorso. No ano anterior Flying Finn já havia vencido o GP Cruzeiro do Sul (G1). Val de Grace(Clackson e In Passion, por Hang Ten),irmão próprio de Old Pretender, brilhante vitorioso nos GGPPs São Paulo (G1), Oswaldo Aranha (G2) e Linneo de Paula Machado (G2), todos em Cidade Jardim, é outro belo nome.
Outros bons produtos saíram desse poderoso “nick”, veja abaixo, alguns deles:Vignon (Clackson e Miracle Hill, por Hang Ten), campeão do GP Consagração (G1), em 1994,
Quaech (Clackson e Ivory Queen, por Hang Ten), bicampeão do Clássico Delegações Turfísticas (L.); Quelf(Clackson e Kittiwake, por Hang Ten), ganhadora do GP Oswaldo Aranha (G2) e segunda colocada no GP Diana (G1) para Uneasy Plum (Haras Santa Maria de Araras); Olkisa e Stephen (Clackson e Jucirana, por Hang Ten), a 1ª, vencedora do GP Euvaldo Lodi (G2) e do Clássico ANPCPSI e o 2º ganhador da Copa ANPC Areia (G2).
Clackson é um dos grandes chefes de raça do turfe nacional e ainda produziu alguns outros bons filhos como: Ramirito (Khedive, por Fragonard), vencedor dos GGPPs Estado do Rio de Janeiro (G1), ANPC Clássica (G1) e útil reprodutor até os dias de hoje; Speranto (On Pass Pas), que conquistou os GGPPs Mario de Azevedo Ribeiro (G3), ACPCCRJ (G3) e os Clássicos Jockey Club de Minas Gerais (L.) e São Francisco Xavier (L.); Stewart e Reinhold (Bustanera, por Busted), o 1º venceu o GP Doutor Frontin (G2) e o 2º os GGPPs Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (G3) e José Buarque de Macedo (G3), além do Clássico Imprensa (L.); St.Cloud (Gambardina, por Piduco), ganhador dos GGPPs Jockey Club Brasileiro (G1), Presidente Vargas (G2); João Borges Filho (G3) e Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (G3); Stirling (Vina Lee, por Waldmeister), que venceu os GGPPs Dezesseis de Julho (G2) em 94 e 95, Almirante Marquês de Tamandaré (G2); os Clássicos Tude Neiva da Lima Rocha (L.) e Reynato Sodré Borges (L.), além da Taça Cidade Maravilhosa.
Após seu falecimento em 1992, o Haras Nacional fechou suas portas, tendo seu haras sido vendido para o Haras Pemale. Porém, pouco tempo depois para a alegria de todos no mundo do turfe, Armando Carneiro Junior (foto) retomou a frente do Haras Nacional e comprou algumas reprodutoras do Haras Anderson que cedeu a cobertura de alguns de seus garanhões, entre eles o excelente Dodge.
Nos dias atuais, o Haras Nacional tem feito compras bastante pontuais nos grandes leilões do país e possui produtos bastante úteis em ação nas pistas brasileiras.
Éguas de 3 anos e mais idade, irão disputar a versão 2024 da carreira em homenagem ao fundador do Haras Nacional, em 2.000 metros, pista de grama, são elas:
Farrapa (Stud J.C.R.); Bloody Mary (Fazenda Mondesir); Quatá (Stud Red Rafa); Ruby Lane (Haras Fronteira P.A.P); Nice Dream (Stud Monrêve) e German Glory (Stud José Luiz Menino)
por Fernando Lopes – fotos: Sylvio Rondinelli & Internet