Um dos destaques da reunião do domingo, 25 de fevereiro, no Hipódromo da Gávea, a Prova Especial Pico Central homenageará, em mais uma oportunidade, o cavalo que fez sucesso em pistas brasileiras e, depois, nas raias americanas, transformando-se no “Brazilian Bullet”, segundo a conceituada Revista The Bloodhorse.
Sete potros de 2 anos, todos inéditos, foram inscritos na carreira, que será realizada em 800 metros, grama. São eles:
Undertaker (Stud Vento Minuano); Sultan Of Love (Omar Tarik Medeiros Vargens); Sadiq (João Baptista de Medeiros Vargens); Nagayama (Stud CRDM); Don Bluck (Stud Acqua Azul); Nassau (Stud LAM); e Multiverso (Stud Embalagem).
Adquirido junto ao Haras Fronteira P.A.P., do saudoso Mario Moglia, pelo também precocemente desaparecido, Luiz Edmundo Cardoso Barbosa, titular do Stud Capitão, a compra chegou a criar alguns problemas na equipe:
“O Atílio, que era meu treinador à época, abandonou o leilão e a Cristina Vieira, a veterinária, vetou a compra. Afinal, o Pico Central era pequeno, tinha uns 400 quilos, se muito, com curvilhões retos, uma cabeça expressiva e o andar que lembrava um bom malandro carioca” divertia-se Luiz Edmundo relembrando seu craque.
Walter Flores, veterinário do Haras Santa Ana do Rio Grande foi consultado e disse que os curvilhões não seriam problema, pois até o Bowling (Crying To Run e Tangência, por Waldmeister), ganhador do GP Brasil 1989, tinha os curvilhões assim. Então, contra tudo e contra todos, Pico Central foi comprado.
Enquanto os melhores cavalos do Stud Capitão ficavam no Vale do Itajara, Pico Central ficou na Gávea, aos cuidados de Valtemir Severo Pedersen:
“O Pico Central ficou só nadando uns 4 meses. Um dia meu telefone tocou e o Pedersen disse:
Patrão, aquele bicho é corredor.
Qual? Indagou Luiz Edmundo.
O Pico Central. Ele passou os 400 metros em 22’ cravados.
Sério? Então vamos fazer 600 nele no domingo.
Quando ele parou os cronômetros em 33’, eu sorri pois sabia que tinha um craque em mãos.”
No final de março de 2002, Pico Central estreou ganhando aos esbarros na direção de Rodrigo Dias dos Santos Lepre. A vitória ficava estampada no escritório do proprietário, no Centro da cidade.
Depois, já aos cuidados de Roberto Morgado Junior, Pico Central ia direto ao GP Major Suckow (G1), mas foi inscrito no GP Cordeiro da Graça (G2), para pegar aguerrimento, e finalizou em terceiro. No sábado do Brasil, em agosto de 2002, Pico Central destruiu seus rivais no quilômetro internacional mostrando uma superioridade inconteste.
Quatro meses depois, o filho de Spend A Buck e Sheila Purple reapareceu num páreo comum em 1.200 metros e muitos não entenderam nada. Obviamente, Pico central deu um passeio na raia, mas o inusitado se deu depois do disco, pois foi ali que seu piloto, Gilvan Guimarães, “fez correr”.
Luiz Edmundo explicou: “A nossa intenção era levá-lo ao GP Estado do Rio de Janeiro (G1), 1ª prova da Tríplice Coroa de produtos, em fevereiro de 2003, portanto nada melhor do que um “apronto remunerado” e, detalhe, ele assinalou 72’ nos 1.200 e 88’ nos 1.400”.
Em fevereiro, Pico Central mostrou sua classe, derrotando adversários do naipe de Hard Buck e Investor’s Dream, abriu a coroa carioca e se tornou o único animal a vencer os GGPPs Major Suckow (G1) e Estado do Rio de Janeiro (G1).
Levado para os EUA, mais uma vez o neto materno de Purple Mountain fez história, já que somente Pico Central conseguiu esse feito, ao vencer no mesmo ano, o de 2004, o San Carlos Handicap (G2), o Carter Handicap (veja o vídeo acima) (G1), o Metropolitan Mille Handicap (G1 – veja o vídeo abaixo) e o Vosburgh Stakes (G1 – CLIQUE AQUI).
Até a vitória no Met. Mille, o Stud Capitão ainda detinha 10% dos direitos do corredor que foram comprados em seguida pelo mega investidor Gary Tanaka. Nas pistas, Pico Central alcançou em prêmios mais de U$ 1.200.000.
Levado para a reprodução, Pico Central morreu em março de 2013, após um acidente em seu piquete, na Coréia do Sul.
por Fernando Lopes – Fotos: Internet