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A data do GP Brasil e o calendário clássico do JCB

Sergio Barcellos

Quando foi criado, junto com o “Sweepstake” da Loteria Federal, ainda no início dos anos de 1930, o Jockey Club Brasileiro estabeleceu que o Grande Prêmio Brasil – com todo o mar de pompas que justificadamente o precede -, seria corrido no primeiro domingo de agosto, em 3.000 metros, aberto somente a produtos de quatro anos e mais idade. Uma escolha que atendia as circunstâncias da época.

Na década de 1930, fazia sentido. Hoje não faz mais.

E não faz, porque hoje não existe prova clássica de sua expressão e importância que simplesmente negue aos animais de três anos a possibilidade de participação em um evento dessa natureza e magnitude – na verdade, o nosso maior Grupo I.

Como é impossível esperar que um juvenil de dois anos, que completou três em 1º de julho, enfrente veteranos de quatro anos e mais idade no percurso da milha e meia clássica no primeiro domingo de agosto, ou seja, menos de quarenta dias depois, vimos, há 81 anos, mantendo intocada a chamada do Grande Prêmio Brasil.

Ocorre que em nossos dias, o prestígio de qualquer Grupo I internacional – leia-se, seu “ranking” -, se mede, exatamente, pela confrontação entre potros e potrancas de três anos com os animais de mais idade. Isso é da essência mesma das grandes e famosas provas de peso por idade do turfe de nossos dias. Os “clássicos”, na acepção do termo.

Ademais, é somente a partir do cotejo inter-gerações, ou seja, da revelada capacidade dos produtos de três anos de enfrentar os mais velhos nas pistas em pé de igualdade, que decorre a chancela de qualidade de qualquer cavalo de corrida. E, em conseqüência, seu “rating.”

Isto está presente de forma muito nítida, por exemplo, na chamada da prova de Grupo I de maior “ranking” do turfe sul-americano, o GP Carlos Pellegrini, corrido na primeira quinzena de dezembro e, como tal, aberto aos três anos. Ou nas chamadas das grandes provas inter-gerações do turfe do hemisfério norte (como o Prix de l’Arc du Triomphe), todas elas, neste caso, corridas no segundo semestre do ano-hípico local.

Então, parece ter chegado a hora de pensar em rever a data do Grande Prêmio Brasil – a principal do calendário clássico de nosso turfe -, de forma a adaptá-la às imperiosas necessidades do turfe do século XXI. E, claro, do mercado mundial da indústria do puro sangue de corridas.

Em uma palavra, ou se estuda a antecipação do Grande Prêmio Brasil para uma data anterior a 1º de julho do ano-hípico, ou se o posterga para os meses subsequentes.

Deixar tudo como está, sem a possibilidade de participação dos três anos, o menor risco que se corre é condenar o Grande Prêmio Brasil à progressiva irrelevância técnica no contexto da hípica sul-americana e mundial. Com todas as graves consequências daí decorrentes para a criação e o turfe do país.

06.08.2013

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