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Notícias Diversas e Importantes, por Milton Lodi

1)  A modernidade chegou para adequar o turfe mundial aos novos tempos, e também para corrigir detalhes que o passar do tempo mostrou da necessidade de novos cuidados. O Jockey Club Brasileiro já tomou medidas de ordem técnica mirando-se do que aconteceu nos turfes civilizados da Europa e da Ásia. Novos entendimentos quanto às tabelas de pesos nos confrontos de corredores de idades diferentes em função das distâncias e dos meses de realização dos páreos naturalmente referiram-se no Brasil, e dentro da realidade brasileira alterações fizeram-se sentir. O bom conceito das novas normas, sempre e cada vez mais na procura de um turfe melhor, dentro dessa linha de orientação, atinge também até os calendários clássicos e restringem eventuais excessos locais. No Rio, as transformações já se iniciaram, e aos poucos, a cada ano, a experiência vai influir. O Jockey Club de São Paulo, que de um modo geral sempre se manteve mais ligado ao tradicional que o JCB, com a eleição do Presidente Eduardo Rocha Azevedo, através o seu bom Presidente da Comissão de Corridas José Luiz Polacow, desde logo procurou atualizar-se, rompeu com velhas tradições obsoletas e entrou na linha da modernidade. Mas o caminho tomado pelo JCSP foi diferente daquele do JCB. Examinado os resultados nos confrontos de idades em vários turfes, internacionais, foi modificando o que já estava ultrapassado, e nesses dois anos já passados pelo atual vitorioso mandato, as duas linhas, o do JCSP e do JCB não chegou a se justapor, isto é, ainda não são totalmente coincidentes, mas já está perto disso. Nos páreos até 1.500 metros e nos de acima de 2.500 a escala de pesos já é harmônica, ficando ainda para ajustar os páreos de 1.600 a 2.400 metros, mas há uma vontade e uma tendência natural para um acordo e /ou acerto técnico um ajuste. Nesse clima de harmonia e de boa vontade dos dois principais clubes promotores de corridas do nosso país, o turfe brasileiro vai certamente ficar mais equânime, mais equilibrado, mais justo. Não há mais lugar para, como simples e mero exemplo, que o G.P.Carlos Pellegrini, a mais conhecida mundialmente prova do turfe sul-americano, dar aquela despropositada vantagem de peso para os corredores de 3 anos em detrimento dos corredores de 4 anos e mais idades, no evidente escopo de procurar fazer ganhar os mais novos em função de pretensa geração nova melhor que as anteriores e visando diretamente o aspecto comercial da exportação. Os tempos mudaram, e para melhor, e quem não se enquadrar nos novos tempos vai se dar mal. O turfe argentino, assim como os seus seguidores uruguaio, chileno e peruano, vão ter que enfrentar uma dura realidade, sob pena de ficarem marginalizados. Os novos e melhores conceitos nas distribuições de pesos vão refletir-se até nos calendários clássicos, pois há normas internacionais que tem que ser respeitadas, sob pena de marginalização. Recentemente, dois fatos significativos mostraram a diferença entre aqueles que já inteligentemente se enquadram nos ditames do mundial turfe moderno e os que não aceitam o que tem e deve ser seguido, isto é, a orientação em prol da melhoria e do progresso.

2) Foram detectados traços de esteróides em materiais de animais da Godolphin, isto é, do Sheikh Mohammed. O treinador, um árabe, foi expulso do turfe, pois a suspensão a ele aplicada, de 11 anos ( eu disse onze anos e não meses), liquida com a sua atividade na área turfística, e ainda os cavalos medicados ficaram proibidos de correr pelo período de 6 meses. Isso é turfe civilizado. Por outro lado, autoridades do turfe norte-americano,no caso os dirigentes da Breeder’s Cup, que haviam concordado na última Conferência de Paris na não ,mais utilização do Lasix em suas provas, anunciaram que voltaram atrás e não vão cumprir o que havia sido prometido. Isso pode ter sido o primeiro passo público na marginalização do turfe daquele país da comunidade turfística internacional. Na prática não é difícil entender as duas antagônicas atitudes. Uma delas mostra um completo enquadramento no sentido da melhoria da sanidade dos cavalos puro-sangue de corridas em função da verdadeira qualidade e valor, a outra que o fantástico arsenal farmacêutico está vigilante no país que pauta sua criação e suas corridas pelo dinheiro e pela medicação. Para o Brasil esse fato deplorável norte-americano não tem reflexo direto, mas sim através indiretamente através dos seguidores dos costumes turfísticos norte-americanos, quais sejam, os nossos vizinhos argentinos, uruguaios, chilenos e peruanos. A OSAF (Organização Sul Americana de Fomento) foi fundada pelos argentinos ,e representa todo o turfe sul-americano ante as autoridades hípicas internacionais, naturalmente incluindo o Brasil, e já há sinais de que há uma ideia de fixar uma única tabela de pesos para todo o continente, isto é, a mesma para todos os países sul-americanos. Aí reside o grande perigo para o turfe brasileiro frente à comunidade turfística mundial, pois o Brasil não concorda com a subserviência turfística aos conceitos dos Estados Unidos e sim aos do resto do mundo, dos turfes civilizados da Europa e da Ásia. A OSAF, que nasceu de uma ideia brilhante do saudoso criador argentino Eduardo Bloossom, e que durante muitos anos representou dignamente o continente sul-americano, com a morte do Dr.Bloossom foi aos poucos se americanizando, e hoje e já de algum tempo vem se enfraquecendo e até mesmo sofrendo as consequências dos graves problemas econômicos-finaceiros dos Estados Unidos. Mas sob o aspecto turfístico o Brasil nada tem a ver com esse problema, e não pode eventualmente enquadrar-se em ditames técnicos na contramão do mundo turfísticos civilizados.

O turfe carioca e o turfe paulista, e naturalmente acompanhados pelo gaúcho, estão providenciando adequações ao presente e ao futuro do turfe civilizado mundial, e não podem ficar atrelados a turfes em declínio e que poderão até ficar marginalizados. Como é a OSAF, que aparentemente está enfraquecida, quem tem a única palavra que é ouvida da América do Sul na comunidade internacional, urgem providências. Cada país tem as suas próprias tabelas de pesos, o Brasil está se ajustando com os bons trabalhos do JCB e do JCSP, vai ter as suas próprias tabelas, e essa ideia de uma tabela sul-americana deixa margem a especulações. O Brasil está no caminho certo, o Jockey Club Brasileiro, o Jockey Club de São Paulo e o Jockey Club do Rio Grande do Sul estão indo muito bem em função de melhorias e progresso, e como no resto do mundo, cada país que procure individualmente se atualizar em função dos novos tempos do turfe moderno.

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