A vida é uma rotina de sucessos e insucessos, de coisas boas e más, mas no geral é um milagre do quais todos querem participar mais e mais. Cada pessoa tem opções para levar a sua vida, uns são pessimistas e só vem o lado negativo, desagradável, e por isso reclamam até do que ainda não aconteceu, outros se dizem realistas, mas têm sempre em mente aspectos ruins dos quais procuram fugir, e os mais felizes são os otimistas, que dentro de uma apreciação normal não perdem tempo com fatos passados que não foram bons e se dedicam a um futuro melhor, mais satisfatório. São esses, os otimistas de pés no chão e naturalmente com precauções, que devem liderar.
No atual panorama do turfe brasileiro, estamos na perspectiva de sucesso e melhorias nos três principais clubes promotores de corridas, com a efetiva participação de presidentes competentes. O único aspecto que na verdade ainda não melhorou é o das dotações das provas, que estão na prática na metade do patamar necessário, isto é, os prêmios estão pela metade. Isso é decorrência da quase estagnação dos movimentos de apostas. Se isso decorre de mau funcionamento das agências captadoras de apostas, se é por falta da necessária divulgação da atividade pelos meios de comunicação, que se mantém surdos para o turfe, se é pela falta de uma intervenção positiva e mais adequada dos órgãos públicos, se é por outros motivos quaisquer, a verdade é que o turfe brasileiro está caminhando descalço em terreno pedregulhado.
A explicação para a inquestionável ascensão do padrão do cavalo brasileiro nos planos nacional, e internacional deve-se a alguns fatores movidos pela paixão de uns tantos pelo chamado esporte dos reis. Criadores e proprietários têm patrocinado provas importantes e campeonatos setoriais, os proprietários seguem, muitas vezes com sacrifícios, investindo em seus studs, e os criadores estão quase que carregando a atividade nas costas, importando o que há de melhor no mundo, internacionalizando e refinando os seus plantéis, e com isso produzindo valores que levaram o Brasil a assumir, desde há algum tempo, a hegemonia do turfe sul-americano.
Há pequenos detalhes que mostram o reconhecimento dos outros por essa verdade. Exemplos são as idas de cavalos brasileiros para correr e ganhar na Argentina ex-lider sul-americana, e quase sempre eleitos favoritos por eles, nossos amistosos rivais. Exemplo, a interrupção da habitual vinda de cavalos de fora para correr as nossas principais provas, e que de um modo geral e por muito tempo eram vencidas pelos estrangeiros, não acontece mais, de fora normalmente não vem ninguém, pois a perspectiva deles é vir e perder. Exemplo, habitualmente cavalos brasileiros ganham no Uruguai, na Argentina, nos Estados Unidos, na África do Sul, na Europa e na Ásia, sem causar surpresas. E por aí vai, o êxito é incontestável. Mas é à custa de muitos sacrifícios dos criadores e proprietários, que na falta de uma adequada recíproca financeira dos clubes, mantém as corridas e a criação em nível internacional. A solução não é só aumentar as dotações, pois os movimentos de apostas dos cubes são insuficientes, mas há detalhes paralelos e importantes em que os órgãos públicos poderiam e deveriam participar. Por exemplo, há um desconto obrigatório nos prêmios referente o imposto de renda na fonte da ordem de 15%, isso em uma atividade deficitária e que mantém gente direta e indiretamente ligadas à atividade, em calculo aproximado de 100 mil pessoas. São os plantadores de aveia, milho e alfafa, as fábricas de ração balanceada, os transportadores de animais e de alimentos, os fornecedores de serragem, os veterinários, a indústria farmacêutica, as fábricas de adubo, de tratores e de caminhões, cavalariços, treinadores, jóqueis, redeadores, enfim, um enorme número de gente que, com suas famílias, dependem de uns tantos em uma atividade deficitária e que não recebe dos órgãos públicos um tratamento adequado, se não perverso, pelo menos inadequado e injusto.
É assim, na aridês das condições, que o turfe brasileiro luta por melhorias. A sorte do turfe brasileiro, e bota sorte nisso, é o fato por todos os turfistas otimistas e que olham o futuro com entusiasmo e esperanças, de terem o Jockey Club Brasileiro, o Jockey Club de São Paulo e o Jockey Club do Rio Grande do Sul, gente competente e bem intencionada em suas lideranças.
É procurar minimizar dentro do possível a insatisfatória realidade do presente, e ter confiança em um futuro próximo muito melhor.