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JCB celebra José Carlos Fragoso Pires

O Jockey Club Brasileiro realiza no domingo, 06 de abril, a quarta edição do Grande Prêmio José Carlos Fragoso Pires, uma prova de G2, em 2.000 metros, grama.

Fundador do Haras Santa Ana do Rio Grande, um dos maiores campos criatórios da história do turfe brasileiro,  Fragoso foi presidente do Jockey por dois mandatos – 1992 a 2000 – e colocou seu amor ao Esporte dos Reis em prol de um turfe melhor e mais forte, fazendo do clube carioca o maior palco de corridas do país.

Reforma das pistas, do hipódromo, aumento significativo dos prêmios e profissionalização das atividades fizeram o JCB decolar. Um dos pontos altos de sua administração se deu em 1995, com o GP Brasil de um milhão de reais.

A prova foi a última a atrair competidores internacionais, contando com cavalos oriundos da França, EUA, Argentina e Chile. Um Sweepstake garantiu a bolsa milionária e o argentino El Sembrador, com Guillermo Senna, bateu Talloires e Much Better por pequena diferença, diante de um hipódromo superlotado.

Porém, a história de Fragoso com o turfe começou muito antes. Quando assistiu o argentino Filón – montado por Irineu Leguisamo –  vencer o GP Brasil de 1945, a chama do turfe começou a arder em seu peito.

Como proprietário, a primeira vitória alcançada nas pistas ocorreu no longínquo 12.04.1956, no primeiro páreo de uma quinta-feira, na Gávea, com a tordilha gaúcha Tucumana, filha do uruguaio Cantaro, sob a direção do aprendiz Aroldo Reis e treinamento de Gabino Rodrigues.

Nesta época, José Carlos Fragoso Pires já registrara as sedas que ficaram imortalizadas como vencedoras em praticamente todas as principais provas do calendário turfístico carioca e algumas das maiores do turfe brasileiro: a inesquecível “preto, cruz de Santo André e boné ouro”.

Foi com apenas três éguas que Fragoso começou seu primeiro estabelecimento, o HARAS SÃO CARLOS, em 1958, situado na Fazenda Jureia (Barra do Piraí/RJ). Com a crise que se instalou no turfe durante o Governo Jânio Quadros (1961), Fragoso Pires vendeu seus poucos animais à Remonta do Exército.

Bem mais tarde, já em 1973, surgiu a oportunidade de adquirir o espólio de Indemburgo de Lima e Silva – criador do primeiro cavalo gaúcho a vencer o G.P. Brasil (1972), o castanho Fenomenal – e não só o nome Haras Santa Ana – que pertenceu ao citado criador em seu estabelecimento em Belém Novo (Porto Alegre/RS) -; como também todo o plantel do extinto haras.

Logo aumentou seus domínios ao adquirir, na região de Itapuã (Viamão/RS), as terras que deram origem à unidade de um do que seria o império do Haras Santa Ana do Rio Grande. Este, em curto espaço de tempo, ganhou notoriedade nacional. Isso deveu-se – além da experiência acumulada durante anos como apaixonado pelo P.S.I. – também pelo vislumbre em criatórios mais adiantados, tanto na América do Sul quanto nos turfes europeu e norte-americano.

Em 1979, o Haras Santa Ana do Rio Grande já encabeçava a estatística por número de vitórias, quebrando uma hegemonia de 19 anos do Haras São José & Expedictus, na Gávea. Em 1980, outra tacada de mestre ocorreu com a compra da quase totalidade do plantel do Haras Mondesir, bem como de suas terras no município de Bagé (RS) incluindo suas modernas instalações. 

Um sem número de fantásticos animais, seja de sua criação ou propriedade, levaram o nome do Haras Santa Ana do Rio Grande para a história do turfe, escrevendo páginas inesquecíveis de sucesso. Veja, abaixo, alguns dos exemplares que construíram esse  marco essencial para a atividade turfística no Brasil:

Mogambo, Upset, Leão do Norte, Nagami, Valka, Vat, Rasputín II, Zembro, Unbeaten, Último Macho, Anis, Akasaki, Asola, Anilité, Vida Mansa, Aracatu, Bowling, Bat Masterson, Belle Valley, Benedini, Carteziano, Duquesa Valka, Danilo Príncipe, Ego Trip, Fogueteiro, Falcon Jet (foto), Gemini One, Inza Lady, Isola Lady, Itaquera, Irapuato, Indian Blossom, Indian Hope, Javron, Mensageiro Alado, Riboletta, Redattore, Super Power e um dos mais importantes reprodutores da história do turfe nacional, o americano Roi Normand.

José Carlos Fragoso Pires faleceu em 23 de outubro de 2020, no Rio de Janeiro, deixando um legado fundamental no turfe brasileiro, como criador, proprietário e dirigente. Um verdadeiro pilar da atividade no século XX.

 

Mensageiro Alado

Veja, abaixo, um texto de Milton Lodi, contando um pouco da história do Haras Santa Ana do Rio Grande e algumas vitórias inesquecíveis dos animais de criação e propriedade de José Carlos Fragoso Pires:

Falcon Jet (foto), um macho alazão nascido em 1986, de criação e propriedade do clássico Haras Santa Ana do Rio Grande, foi um estupendo ganhador clássico, vencendo o que havia de melhor à época, colecionando provas nobres inclusive o Grande Prêmio Brasil de 1992. Além de muita classe, caracterizava-se por um bom incomum espírito de luta e de vontade de vencer. Foi um dos melhores corredores filhos de Ghadeer. Em 1998, serviu a égua Indian Blossom, uma norte-americana importada então com um ano de idade, filha de Fred Astaire (Nijinski), que venceu duas provas listadas e colocou-se em Grupo I. Em 1999, então cheia de Falcon JetIndian Blossom produziu Ascot Belle, uma alazã muito bonita, que nas pistas mostrou qualidades em provas nobres, inclusive vencendo provas listadas (clássicos). Quando da venda total do plantel do clássico Haras Santa Ana do Rio Grande, Ascot Belle foi exportada para o Uruguai, não sem antes ter produzido no Brasil. O seu primeiro produto brasileiro, por Roi Normand, nasceu em 2007, chamou-se Olympic Ascot, que obteve 1 vitória e 7 colocações no Hipódromo da Gávea. Em 2008, Ascot Belle produziu uma fêmea castanha por Crimson Tide, de nome Je Suis Belle. Essa potranca apresentou nas pistas um enorme poderio locomotor. Correu poucas vezes, e uma de suas vitórias, aos 3 anos foi por mais de 20 corpos. Je Suis Belle, quando do encerramento das atividades do Santa Ana, foi adquirida em leilão pelo Haras Regina. O último produto brasileiro de Ascot Belle no Brasil foi uma potranca castanha por Roi Normand, de nome Here to Win-FOTO, que foi exportada antes de completar 2 anos de idade para a África do Sul. Lá, Here to Win mostrou-se de alta classe, sendo líder de sua geração inclusive vencendo as melhores provas para potrancas de 3 anos, o que lhe rendeu, o Eqqus Award daquele ano no turfe sulafricano. Here to WinHere to Win acabou sendo exportada para os Estados Unidos, e de lá foi reexportada para o Japão, cheia de Tapit. Como múltipla ganhadora clássica na África do Sul e nos Estados Unidos, Here to Win foi para a reprodução no Japão. Nesse ano de 2017, do mês de julho um filho dela com um garanhão de projeção internacional Tapit, de nome Satono Fire venceu em 1.700 metros na pista de grama.

Os grandes Haras, aqueles que são realmente grandes pela importância no turfe brasileiro através de sangues nobres que influenciam no surgimento de corredores e matrizes que de vez em quando apresentam descendentes de alto padrão técnico, são na verdade os alicerces da criação brasileira. Como simples e mero exemplo, aquele que é apontado como o melhor cavalo de corridas do nosso turfe, o espetacular Farwell que dominou por completo no fim dos anos de 1950 e no princípio dos anos 1960, era um filho do inglês Burphan na égua Marilú, e quem era Marilú, simplesmente uma égua ganhadora clássica aos 3 anos de idade, de criação do inesquecível Haras Bela Esperança, do mais técnico criador brasileiro de todos os tempos, José Paulino Nogueira. Com o correr do tempo, é claro que a influência vai se esmaecendo, mas volta e meia os grandes celeiros do nosso turfe mostram-se vivos. Além do maior de todos, José Paulino Nogueira e o seu Haras Bela Esperança, são inesquecíveis haras antigos como os Haras São José e Expedictus, o Haras Mondesir, o Ipiranga e mais pra cá o Stud TNT, entre outros. E o potro japonês traz à tona o Haras Santa Ana do Rio Grande. Aliás, o Santa Ana foi um expoente durante toda a sua vida, e como os outros que merecem ser incluídos como celeiros do turfe brasileiro, está no momento em evidencia internacional com o seu Satono Fire. Para terminar por hoje, vamos lembrar alguns dos melhores nomes dos criados pelo Haras Santa Ana do Rio Grande:

Refinada-G3, Vida Mansa-G2, Vargedo-G3, Justo Jansen-G1, Belle Valley-G1, Byzantine-G2, Breitner-G2, Bowling-G1-FOTO, Cateto-G1, Adoçada-G2, Casmurro-G1, Bat Masterson-G1, Delvecchio-G2, Classista-G1, Comodista-G1, Beskov-G2, Carteziano-G1, Ego Trip-G1, Falcon Jet-G1, Duffel-G1, Lavaggio-G1, Le Garçon D’or-G1, Mensageiro Alado-G1, Luzette-G1, Magnum Opus-G1, Miss Dourness-G1, Murano-G1, Messalina-G1, Oferecido-G1, Prince Ali-G1, Only Immensity-G1, Omnium Leader-G2, Post Card-G1, French Opera-G1, Riboletta-G1, Buquê de Noiva-G3, Redattore-G1-Super–G1-FOTO Top Size-G1, Tutelada-G2, Tropical Lady-G2, Forever Buck-G1, Rizzolini-G1, Brazov-G1, Baronetti-G3, Don Piazzolla-G1, Pretty Normand-G1, Sinistro-G2, Here to Win-G1, Jet Queen-G2, Gibson-G1, entre diversos outros.

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Carteziano – GP Brasil (G1) – 1988

Ego Trip – GP Linneo de Paula Machado (G1) – 1988

Bat Masterson – Copa ANPC Clássica (G1) – 1988

Falcon Jet – GP Linneo de Paula Machado (G1) – 1989

Bat Masterson – GP Derby Club (G1) – 1989

Falcon Jet – GP Estado do Rio de Janeiro (G1) – 1990

Falcon Jet – Copa ANPC Clássica (G1) – 1990

Falcon Jet – Associacion Latinoamericana de Jockeys Clubs (G1) – Cidade Jardim 1991

Indian Hope – GP Marciano de Aguiar Moreira (G1) – 1992

Textos de Marco A. Oliveira & Milton Lodi – com participação de Fernando Lopes – fotos: Arquivo JCB

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