JCB celebra José Carlos Fragoso Pires » Jockey Club Brasileiro - Turfe

JCB celebra José Carlos Fragoso Pires

O Jockey Club Brasileiro realiza no domingo, 12 de maio, a terceira edição do Grande Prêmio José Carlos Fragoso Pires, uma prova de G2, em 2.000 metros, grama, preparatória para o GP Roberto e Nelson Seabra (G1), o “Brasil das Éguas”.

Fundador do Haras Santa Ana do Rio Grande, um dos maiores campos criatórios da história do turfe brasileiro,  Fragoso foi presidente do Jockey por dois mandatos – 1992 a 2000 – e colocou seu amor ao Esporte dos Reis em prol de um turfe melhor e mais forte, fazendo do clube carioca o maior palco de corridas do país.

Reforma das pistas, do hipódromo, aumento significativo dos prêmios e profissionalização das atividades fizeram o JCB decolar. Um dos pontos altos de sua administração se deu em 1995, com o GP Brasil de um milhão de reais.

A prova foi a última a atrair competidores internacionais, contando com cavalos oriundos da França, EUA, Argentina e Chile. Um Sweepstake garantiu a bolsa milionária e o argentino El Sembrador, com Guillermo Senna, bateu Talloires e Much Better por pequena diferença, diante de um hipódromo superlotado.

Porém, a história de Fragoso com o turfe começou muito antes. Quando assistiu o argentino Filón – montado por Irineu Leguisamo –  vencer o GP Brasil de 1945, a chama do turfe começou a arder em seu peito.

Como proprietário, a primeira vitória alcançada nas pistas ocorreu no longínquo 12.04.1956, no primeiro páreo de uma quinta-feira, na Gávea, com a tordilha gaúcha Tucumana, filha do uruguaio Cantaro, sob a direção do aprendiz Aroldo Reis e treinamento de Gabino Rodrigues.

Nesta época, José Carlos Fragoso Pires já registrara as sedas que ficaram imortalizadas como vencedoras em praticamente todas as principais provas do calendário turfístico carioca e algumas das maiores do turfe brasileiro: a inesquecível “preto, cruz de Santo André e boné ouro”.

Foi com apenas três éguas que Fragoso começou seu primeiro estabelecimento, o HARAS SÃO CARLOS, em 1958, situado na Fazenda Jureia (Barra do Piraí/RJ). Com a crise que se instalou no turfe durante o Governo Jânio Quadros (1961), Fragoso Pires vendeu seus poucos animais à Remonta do Exército.

Bem mais tarde, já em 1973, surgiu a oportunidade de adquirir o espólio de Indemburgo de Lima e Silva – criador do primeiro cavalo gaúcho a vencer o G.P. Brasil (1972), o castanho Fenomenal – e não só o nome Haras Santa Ana – que pertenceu ao citado criador em seu estabelecimento em Belém Novo (Porto Alegre/RS) -; como também todo o plantel do extinto haras.

Logo aumentou seus domínios ao adquirir, na região de Itapuã (Viamão/RS), as terras que deram origem à unidade de um do que seria o império do Haras Santa Ana do Rio Grande. Este, em curto espaço de tempo, ganhou notoriedade nacional. Isso deveu-se – além da experiência acumulada durante anos como apaixonado pelo P.S.I. – também pelo vislumbre em criatórios mais adiantados, tanto na América do Sul quanto nos turfes europeu e norte-americano.

Em 1979, o Haras Santa Ana do Rio Grande já encabeçava a estatística por número de vitórias, quebrando uma hegemonia de 19 anos do Haras São José & Expedictus, na Gávea. Em 1980, outra tacada de mestre ocorreu com a compra da quase totalidade do plantel do Haras Mondesir, bem como de suas terras no município de Bagé (RS) incluindo suas modernas instalações. 

Um sem número de fantásticos animais, seja de sua criação ou propriedade, levaram o nome do Haras Santa Ana do Rio Grande para a história do turfe, escrevendo páginas inesquecíveis de sucesso. Veja, abaixo, alguns dos exemplares que construíram esse  marco essencial para a atividade turfística no Brasil:

Mogambo, Upset, Leão do Norte, Nagami, Valka, Vat, Rasputín II, Zembro, Unbeaten, Último Macho, Anis, Akasaki, Asola, Anilité, Vida Mansa, Aracatu, Bowling, Bat Masterson, Belle Valley, Benedini, Carteziano, Duquesa Valka, Danilo Príncipe, Ego Trip, Fogueteiro, Falcon Jet (foto), Gemini One, Inza Lady, Isola Lady, Itaquera, Irapuato, Indian Blossom, Indian Hope, Javron, Mensageiro Alado, Riboletta, Redattore, Super Power e um dos mais importantes reprodutores da história do turfe nacional, o americano Roi Normand.

José Carlos Fragoso Pires faleceu em 23 de outubro de 2020, no Rio de Janeiro, deixando um legado fundamental no turfe brasileiro, como criador, proprietário e dirigente. Um verdadeiro pilar da atividade no século XX.

Mensageiro Alado

Texto de Marco A. Oliveira – com participação de Fernando Lopes – fotos: Arquivo JCB

Gostou da notícia? Compartilhe!

Pular para o conteúdo