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ENTREVISTA – Tiago Josué Pereira

Aos 35 anos de idade Tiago Josué Pereira é um verdadeiro cigano das rédeas. O popular Tejota já montou na Argentina, Bahrein, Chile, Cingapura, Dubai (1º na Dubai World Cup (G1) com Gloria de Campeão), EUA (em Chicago, com Glória de Campeão, descolocando-se no Arlington Million Stakes) (G1), França (quando finalizou em 15º no Prix l’Arc de Triomphe, com Hot Six, do Stud Estrela Energia) e no final de semana passada, mais uma vez, atuou fora do país, no XXIX Gran Premio Associación Latinoameircana de Jockeys Clubs (G1), montando Energia Eros, do Haras Estrela Energia. O promissor potro de Stefan e Dalva Friborg em bela performance secundou a ganhadora Sabor a Ganar, do turfe chileno.

Em um agradável bate-papo, Tiago falou sobre a corrida do final de semana e expôs suas opiniões sobre delitos de raia, pistas, multas e outros.

“No Chile foi tudo muito bem organizado, hipódromo limpo e uma torcida muito animada. Antes do páreo, enquanto os cavalos passeavam atrás dos boxes, comentei com o Marcello Cardoso (jóquei de Stockholder, da Coudelaria Barcelona) que o barulho lembrava o de um estádio de futebol. Na hora da corrida, você acaba ficando alheio a esse brado da torcida, mas no filme do páreo dá para perceber a euforia dos turfistas com a vitória da égua chilena. O potro correu muito bem, mas não deu impressão de vencer a Sabor A Triunfo em hora nenhuma. A estratégia de corrida deu certo: correr no meio do pelotão, aproximar-se nos 900 finais e tentar a melhor colocação possível. O Energia Eros corre empurrado o tempo todo, não é fácil dirigi-lo, todavia sua performance foi muito boa”.

“No Hipodromo de Chile, uma coisa me chamou a atenção quando os Comissários locais vieram falar conosco antes do páreo. Nos disseram que nos 100 primeiros metros não poderia haver o uso do chicote. Essa determinação é excelente, pois permite o animal correr mais tempo em linha reta e não levar logo uma chicotada assim que encaixa o primeiro pulo. Em várias oportunidades, os prejuízos nas partidas decorrem desse uso do chicote logo após o larga”.

“No exterior, a punição é severa para alguns delitos de raia, com multa alta e suspensão. O que acaba tornando os jóqueis mais conscientes, porque quando dói no bolso é sempre mais complicado”.

“As pistas em Dubai, Cingapura são ótimas, mas a raia de grama da Gávea depois da reforma melhorou demais. Não tem buracos, está sempre bem cuidada e os cavalos conseguem atropelar em qualquer lugar na reta final. Aquela passagem na reta oposta ainda é um problema, pois alguns cavalos se assustam e tentam pulá-la, principalmente os potros, volta e meia causando acidentes com os próprios cavalos e com os jóqueis. Se ao invés de jogar aquela grama picada por cima, fosse deixado a passagem só com areia mesmo e alargassem-na, talvez os animais “não vendo o outro lado”, não se assustassem. É apenas uma sugestão, claro, mas que já vi dar certo em outros hipódromos. Fechar a passagem acho inviável, pois sabemos da importância dela para a movimentação dos cavalos dentro do hipódromo”.

por Fernando Lopes – fotos: Betta Fernandez

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