Quando da última reunião internacional de turfe realizada em Paris, por ocasião do Prix de l’Arc de Triomphe”, em 2012, o presidente do evento dirigiu-se diretamente para o representante dos Estados Unidos, dizendo que a comunidade internacional aguardava o cumprimento, pelos Estados Unidos, das normas mundialmente estabelecidas, e que esperava que na reunião de 2013 já o turfe norte-americano tivesse se enquadrado. Grande parte do mundo turfístico duvidou do cumprimento da promessa, já que a criação e as corridas nos Estados Unidos na verdade é um circo, com deformações e entendimentos próprios conflitantes com as normas internacionais, que são seguidas dentro do possível, pelo mundo do turfe.
Agora, no início de março de 2013, veio a público o primeiro fato dando razão àqueles que duvidavam da ideia da integração dos Estados Unidos ao resto do mundo. O diretor chefe de operações do Darley Stud pediu demissão do Comitê Diretor da Breeder’s Cup. O motivo da demissão refere-se ao desrespeito à afirmação pública da organização no sentido de que, já em 2013, o Lasix seria proibido. Mas a palavra voltou atrás, descumprindo o que estava acordado, voltando o Lasix ao uso nas provas da Breeder’s Cup. O dono do Darley Stud, o Sheikh Mohammed, é frontalmente contra a permissibilidade de drogas para correr, e a atitude de seu representante está absolutamente de acordo com o entendimento do Sheikh, que incentiva o turfe norte-americano, já há trinta anos.
O arsenal farmacêutico norte-americano é bilionário e, certamente tomou providencias, ainda mais sendo o Lasix um dos seus carros-chefes.
No âmbito do verdadeiro turfe mundial, à volta às medicações na Breeder’s Cup não surpreendeu a maioria, já que o turfe norte-americano sempre foi um capítulo a parte, sustentado por muito dinheiro e muita medicação. Aguarda-se uma eventual atitude do Sheikh e, também, da organização internacional sediada em Paris, pois o descumprimento oficial de um compromisso de tal importância pode até chegar a uma exclusão do grupo. Caso isso aconteça, os norte-americanos podem até não se preocupar com isso, pois a habitual restrição comercial internacional não afetaria profundamente o mercado norte-americano, que tem um rico mercado interno, e que como já foi assinalado, tem como base muito dinheiro e muita medicação.
Se o turfe norte-americano não der mais uma reviravolta, voltando a cumprir a sua palavra assumida, contrariará o que está acontecendo no mundo inteiro no setor dos esportes, quando as restrições são cada vez maiores no tocante a medicações. É do conhecimento público mundial, a tomada de medalhas e recursos de grandes campeões, no ciclismo, no atletismo e em outros esportes, quando da comprovação do uso de medicamentos para aumentar o potencial atlético.
Esse enfoque das autoridades médicas, e também veterinárias decorre não só de estudo como de constatações. Nos homens, a incidência da causa mortis de muitos dos grandes atletas está ligada a problemas de coração e de órgãos atingidos e afetados artificialmente, isto é, que sofreram efeitos de medicações para melhorar as suas performances.
O Brasil, naturalmente sofre como todos os países civilizados do mundo, os reflexos do novo enfoque, da visão mais moderna do problema.
No turfe, as Comissões de Corridas do Rio e de São Paulo serão cada vez mais exigentes nesse setor de medicações. A determinação do Jockey Club Brasileiro de mandar para exames na França dos materiais dos cinco primeiros colocados nas provas de Grupo, e ainda, de alguns páreos comuns, é só o princípio do rigor cada vez maior. A meta é sanidade e qualidade, como em principio na Europa, deixando de lado a verdadeira guerra química que às vezes se verifica.