Todas as quartas-feiras no Hospital Octavio Dupont está sendo realizado um ciclo de palestras com temas direcionados à saúde dos cavalos de corrida. Periodicamente serão publicados textos relacionados às palestras. Neste encontro, a palestra ficou a cargo do Dra. Juliana Nabuco Otaka – Médica Veterinária do HOD, com o tema “Pleuropneumonia”.
Diversos profissionais já estão convidados para participar, dividindo com o departamento de veterinária seus conhecimentos.
Pleuropneumonia
A pleuropneumonia pode ser definida como um quadro pneumônico, de origem bacteriana, que se torna suficientemente severo, ganhando acesso ao espaço pleural. Este processo infeccioso resulta na produção de fluido (exsudato) na cavidade torácica. Os animais mais acometidos são os jovens e os idosos, por apresentarem deficiências em seu sistema imunológico e, desta forma, não serem imunocompetentes aos desafios.
O estresse, principalmente relacionado ao transporte e longas viagens, geralmente integra parte do histórico dos cavalos acometidos por esta doença. Traumas sofridos no tórax também podem predispor à pleuropneumonia, embora bem menos frequentes.
Na fase inicial da doença, os sinais clínicos que o equino apresenta mais relevantes são: apatia, hiporexia ou anorexia (isto é, a diminuição ou ausência de apetite), febre, sudorese, taquipnéia (aumento dos movimentos respiratórios por minuto), dificuldade em respirar (dispnéia) e pode haver descarga nasal. A movimentação da caixa torácica durante a respiração é bem discreta. O cavalo pode apresentar uma “tosse abafada” pelo fato de que tossir gera dor ao animal.
Em sua fase posterior, o equino continua com os sinais clínicos descritos acima e apresenta perda de peso significativa. O diagnóstico é realizado quando, associado aos achados clínicos, o paciente apresenta, em seu hemograma, valores de leucometria global (contagem total de leucócitos – células de defesa do organismo) alterados. O valor da leucometria global poderá estar aumentado ou diminuído, dependendo da fase da enfermidade que o cavalo estiver. A auscultação pulmonar poderá apresentar ruídos de roce de pleura ou áreas de silêncio (este último evidenciando líquido na cavidade torácica). O exame ultrassonográfico do tórax é de grande valia, pois evidencia a pleurite (inflamação da pleura) e a presença e a quantidade de líquido formado, assim como auxilia o médico veterinário na evolução do quadro e a traçar prognósticos.
A terapia instituída exige antibioticoterapia de amplo espectro, expectorantes, broncodilatadores, alimentação adequada, terapia de suporte, instalações com boa serragem, boa ventilação, propiciando um local tranquilo e confortável.
Em alguns casos, a quantidade de exsudato produzida entre os folhetos pleurais é tão grande que é necessário drenar este espaço através de um procedimento chamado toracocentese (foto à esquerda). O material coletado durante a toracocentese poderá ser enviado para a realização de cultura e antibiograma. Este exame tem a finalidade de auxiliar o médico veterinário responsável na escolha do melhor antibiótico disponível para o tratamento.
Dentre as complicações decorrentes de uma pleuropneumonia, as principais são: caquexia, laminite, gastrite, diarréia, babesiose e lesão renal. Daí a importância da terapia de suporte, a fim de minimizar estas complicações.
A pleuropneumonia é uma enfermidade que exige a intervenção veterinária imediatae terapia intensiva e prolongada. Desta forma, o prognóstico desta afecção varia de reservado a desfavorável.
Juliana Nabuco Otaka
Médica Veterinária – Hospital Octávio Dupont
CRMV-RJ 8732