Ao Jornal do Turfe,
Agradecemos ao Jornal do Turfe a divulgação através do colunista Sergio Resende, de que o setor de Controle e Pesquisa Antidopagem do Jockey Club Brasileiro, receberia animais do sexo feminino para serem utilizados na testagem e controle de medicamentos administrados aos animais que participam das competições no Hipódromo da Gávea.
E, aos doadores, pois em exíguo espaço de tempo conseguimos o número de animais necessários para operacionalizar este projeto. Creditamos este fato a importância dada por proprietários e criadores, a lisura e transparência das competições, bem como ao desejo de aprimoramento da criação do Puro Sangue Inglês de Corrida em nosso país.
A utilização de medicação por atletas é uma preocupação mundial. Em corrida de cavalos o uso de medicamentos que potencializam capacidades, e minimizam ou eliminam deficiências, é fator crucial na queda no aprimoramento da criação destes animais.
Como é de conhecimento geral, o Puro Sangue Inglês de Corrida foi criado visando desenvolver ao máximo características básicas como velocidade e resistência. Na busca destes objetivos os criadores baseiam-se em três parâmetros fundamentais: pedrigree, conformação física e campanha nas pistas. Estes parâmetros podem ser facilmente comparáveis entre os animais aspirantes a exercer funções reprodutivas.
Ao participar de uma competição sob a ação medicamentosa, o parâmetro campanha é alterado, para mais ou para menos, de acordo com a característica individual de resposta a ação do medicamento. Como esta característica é transmitida por herdabilidade, fica assim destruído um dos três pilares que são fundamentais na avaliação dos mais capazes de transmitir a seus descendentes sua capacidade locomotora. Cria-se, portanto, um novo parâmetro avaliador: aqueles que respondem melhor a ação de medicamentos.
Para confirmar esta assertiva, basta compararmos hoje, o prestigio que goza na comunidade turfística internacional a criação americana, onde o uso de medicamentos são permitidos durantes as competições, e a criação alemã altamente espartana com relação a este procedimento. Vale lembrar que o Stud Book alemão, já a décadas, descarta para a reprodução animais portadores de defeitos que possam ser transmitidos por herança genética.
A utilização de medicamentos no cavalo atleta deve ser coibida com rigor, em nome de sua saúde, da lisura das competições e do aprimoramento da raça Puro Sangue Inglês de Corrida.
Dr. Ismael da Silva Neto
Diretor do Setor de Antidopagem do Jockey Club Brasileiro